🏛️ É por isso que algumas estátuas romanas não têm cabeça
A ausência de cabeças em muitas estátuas romanas não é apenas resultado da ação do tempo. Segundo arqueólogos, o fenômeno tem explicações históricas, políticas e até comerciais, como o ritual de “apagamento da memória” de imperadores e o lucro no mercado de antiguidades

O Império Romano foi uma das civilizações mais poderosas e influentes da Antiguidade. Quando se fala em Roma Antiga, vêm à mente imagens de gladiadores, imperadores e grandes construções, mas outro símbolo marcante são as estátuas que sobreviveram aos séculos. Muitas delas, no entanto, chamam atenção por estarem sem cabeça — e o motivo pode ir muito além do desgaste natural do tempo.
De acordo com arqueólogos, há diversas hipóteses para explicar por que algumas estátuas romanas perderam suas cabeças. Uma das principais está ligada à prática conhecida como damnatio memoriae, expressão em latim que significa “condenação da memória”. Esse era um procedimento político adotado pelo Senado Romano para apagar da história a imagem de imperadores ou figuras consideradas infames. Nesses casos, retratos, inscrições e estátuas eram desfigurados — e a cabeça, símbolo de identidade, era arrancada.
Outra explicação é puramente estrutural. A pesquisadora Rachel Kousser, da Universidade da Cidade de Nova York, aponta que o pescoço é um ponto naturalmente frágil, o que faz com que, em quedas ou impactos, essa parte seja a primeira a se quebrar.
Já o arqueólogo Kenneth Lapatin, do Museu J. Paul Getty, lembra que alguns escultores romanos criavam estátuas com cabeças removíveis de propósito. Isso permitia o uso de materiais diferentes entre corpo e rosto, a colaboração de vários artistas em uma mesma obra e até a substituição da cabeça em homenagens futuras a novos líderes.
Por fim, há ainda um fator econômico. Separar a cabeça do corpo pode aumentar o valor de mercado das peças antigas, já que cada parte pode ser vendida individualmente — algo comum no comércio de antiguidades.
Ou seja, as estátuas romanas sem cabeça não são apenas vítimas do tempo, mas também testemunhas silenciosas de decisões políticas, práticas artísticas e estratégias comerciais de uma das civilizações mais fascinantes da história.