🐬 Golfinhos com Alzheimer? Estudo levanta teoria surpreendente sobre encalhamentos
Pesquisadores encontraram sinais de toxinas associadas ao Alzheimer em cérebros de golfinhos encalhados na Flórida. O estudo sugere que micro-organismos presentes na água podem causar danos neurológicos semelhantes aos observados em humanos com demência

Os encalhamentos de golfinhos sempre intrigaram cientistas: como um animal tão inteligente e social pode se perder no oceano? Um novo estudo publicado na revista Communication Biology trouxe uma hipótese surpreendente — alguns desses animais podem estar sofrendo de um tipo de degeneração cerebral semelhante ao Alzheimer humano.
A pesquisa analisou golfinhos-roaz (Tursiops truncatus) encontrados mortos na costa leste da Flórida e descobriu sinais claros de desorientação neurológica. O estudo aponta como principal suspeita as cianobactérias, micro-organismos que se multiplicam em águas paradas e liberam toxinas potentes, especialmente durante períodos de floração.
Uma dessas substâncias é a BMAA (β-N-metilamino-L-alanina), já associada a doenças neurodegenerativas em humanos. Ela foi encontrada em grandes quantidades no cérebro dos golfinhos examinados — até 2.900 vezes mais do que em períodos sem floração tóxica. Também foram identificadas proteínas anormais, como tau hiperfosforilada e beta-amiloide, típicas do Alzheimer.
Além disso, os cientistas detectaram a proteína TDP-43, associada a formas mais severas de demência, e observaram que mais de 500 genes relacionados ao Alzheimer estavam ativos nos golfinhos durante os surtos tóxicos.
De acordo com o pesquisador David Davis, da Universidade de Miami, os golfinhos funcionam como “sentinelas do mar”. Se esses animais começam a adoecer, é sinal de que algo grave está acontecendo com o ambiente oceânico.
A contaminação, segundo o estudo, tem ligação com o despejo de água poluída do Lago Okeechobee na Lagoa Indian River, habitat natural dos golfinhos-roazes. Com o aquecimento global e o escoamento agrícola intensificando as florações de cianobactérias, o problema tende a se agravar.
Para os pesquisadores, a descoberta serve como um alerta para os próprios humanos. Se as toxinas estão afetando os golfinhos — que compartilham conosco certas semelhanças neurológicas —, o risco pode se estender a populações que vivem e pescam em áreas contaminadas.
“Essas toxinas podem representar um perigo tanto para os animais quanto para nós”, alerta Davis.
O estudo ainda está em andamento, mas levanta uma reflexão inquietante: se até os golfinhos estão esquecendo o caminho de casa, talvez seja hora de a humanidade lembrar o que está fazendo com o próprio mar.
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