📚 Livro que rendeu filme de 7h30 vence o Nobel de Literatura

O escritor húngaro László Krasznahorkai foi o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2025. Conhecido por suas narrativas densas e apocalípticas, ele inspirou o épico cinematográfico Sátántangó, adaptação de seu romance de 1985 que virou um filme de 7 horas e 19 minutos, dirigido por Béla Tarr

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O Nobel de Literatura de 2025 foi concedido ao escritor László Krasznahorkai, considerado pela Academia Sueca um autor de “visão contundente e poética, capaz de traduzir o colapso e a resistência humana em tempos sombrios”.

Chamado por críticos de “mestre do apocalipse”, Krasznahorkai ficou conhecido internacionalmente com o romance Sátántangó (1985), que deu origem a um dos filmes mais longos da história do cinema: 439 minutos — ou 7 horas e 19 minutos — de imagens hipnóticas, chuva incessante e planos que parecem desafiar o tempo.

Dirigido pelo também húngaro Béla Tarr, o filme estreou em 1994 e transformou o autor em símbolo do chamado “slow cinema” — um estilo que privilegia o silêncio, a contemplação e a experiência estética sobre a pressa narrativa.

🎥 Do romance à tela: o universo Tarr / Krasznahorkai

A parceria entre escritor e cineasta se estendeu por décadas. A prosa labiríntica de Krasznahorkai — frases longas, vilas decadentes e personagens à beira do colapso — encontrou no cinema de Tarr uma tradução perfeita: planos-sequência extensos, movimentos lentos e uma atmosfera quase hipnótica.

Outros filmes também nasceram dessa colaboração:

  • Werckmeister Harmonies (2000) — baseado em A Melancolia da Resistência (1989) — retrata uma cidade tomada por boatos e medo após a chegada de um circo com uma baleia gigante e um misterioso “Príncipe”.

  • The Man from London (2007) — adaptação de Georges Simenon com roteiro coassinado por Krasznahorkai — é um noir existencial com Tilda Swinton no elenco.

  • The Turin Horse (2011) — inspirado em um episódio da vida de Nietzsche, retrata a lenta extinção de um camponês e sua filha diante de um mundo que literalmente se apaga. O longa venceu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim.

📖 A literatura do colapso

Nos livros, Krasznahorkai retrata comunidades em ruínas, promessas vazias e personagens à beira do fim. Suas histórias giram em torno do momento em que um mundo desaba e outro ainda não nasceu. Em Sátántangó, moradores de uma cooperativa rural aguardam a volta de um suposto salvador. Em A Melancolia da Resistência, o rumor se transforma em revolta — e a baleia parada no centro da cidade vira metáfora do peso insuportável da existência.

A prosa densa e o humor sombrio do autor revelam uma beleza trágica em meio ao caos, o que fez dele um dos escritores mais respeitados do Leste Europeu e presença constante em listas de favoritos ao Nobel há mais de uma década.

⏳ Como encarar um filme de 7 horas (e aproveitar)

Assistir a Sátántangó é quase um ritual.

  • Divida em blocos: o filme é dividido em doze partes — encare como capítulos.

  • Som e silêncio importam: ruídos como vento e chuva são parte da narrativa; use bom áudio.

  • Sem pressa: a experiência é imersiva — não maratona de ação.

  • Contexto ajuda: ler sobre o livro e o diretor amplia a compreensão; o ensaio da Criterion Collection sobre Werckmeister Harmonies é um ótimo ponto de partida.

🏆 Um Nobel com olhar para o fim — e para o tempo

O prêmio deste ano reconhece não apenas um autor, mas uma estética. Krasznahorkai escreve sobre o esgotamento do mundo moderno, e seu olhar encontra eco em tempos de ansiedade e velocidade. O Nobel de 2025 premia um artista que, ao invés de correr contra o tempo, nos ensina a encará-lo — mesmo quando o relógio parece parar.

🎥 Reprodução / PaiquereFMNews.com.br

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