A desertificação e a degradação ambiental ameaçam a segurança alimentar de metade da população mundial. Dados das Nações Unidas revelam que mais de 2 bilhões de hectares estão comprometidos, incluindo áreas de cultivo que antes sustentavam milhões de pessoas. A crise vai além do solo improdutivo: o desmatamento e a destruição de florestas intensificam a escassez de água, afetam os ciclos naturais e agravam o aquecimento global.

Nesse cenário preocupante, surgem iniciativas transformadoras como a Iniciativa Verde Saudita, que aposta no reflorestamento como resposta eficaz. Lançado em 2021, o projeto pretende plantar 10 bilhões de árvores e restaurar 40 milhões de hectares de terras degradadas, com metas ambiciosas até 2030. Em áreas como o Parque Nacional Thadiq, na Arábia Saudita, os resultados já são visíveis, com o retorno de espécies animais e a recuperação de habitats naturais.

O diferencial da iniciativa está na combinação entre tecnologia e conhecimento ancestral. Técnicas como os terraços de água — estruturas tradicionais que captam chuvas e evitam erosão — têm sido fundamentais para garantir a sobrevivência das mudas. Além disso, a ação aposta em espécies nativas e soluções adaptadas ao clima árido do país.

Outros países seguem caminhos semelhantes. O Cinturão Verde da África, projeto que envolve 11 nações, visa conter a expansão do Saara com uma muralha de árvores de 8 mil km. Apesar dos avanços limitados — apenas 4% da meta foi alcançada em uma década — o projeto já regenerou 18 milhões de hectares de terras, mostrando o impacto positivo da mobilização continental.

No Brasil, a desertificação ameaça transformar partes da Caatinga no primeiro deserto do país. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertou que 94% do Semiárido brasileiro está em risco. A combinação entre o desmatamento, as secas severas e o aumento da temperatura pode provocar êxodos populacionais e colapsos ecológicos.

Diante desse desafio, as experiências internacionais se tornam referência. A Iniciativa Verde Saudita e o Cinturão Verde da África provam que é possível restaurar ecossistemas, proteger a biodiversidade e garantir um futuro sustentável. A chave está no planejamento, no engajamento comunitário e no reconhecimento de que árvores não são apenas símbolos de vida — são ferramentas essenciais para reverter um quadro ambiental alarmante.

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