Alergias atingem 40% da população mundial e avançam no Brasil, dizem especialistas
Casos de alergias respiratórias e alimentares estão em alta no país. Embora ainda sem cura, avanços em tratamentos melhoram a qualidade de vida dos pacientes

As alergias, que afetam cerca de 40% da população mundial segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estão crescendo no Brasil e preocupam especialistas. No país, estima-se que cerca de 4% das pessoas convivem com alergias alimentares e 30% com respiratórias, muitas vezes combinadas.
De acordo com a diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Lucila Camargo Lopes de Oliveira, essas reações são respostas exageradas do sistema imunológico a substâncias inofensivas. Ela alerta que fatores como cesáreas, uso precoce de antibióticos, ausência de aleitamento materno e pouca exposição à natureza aumentam o risco de desenvolvimento de alergias na infância.
O número de internações por anafilaxia no Brasil mais que dobrou na última década, passando de 551 casos em 2015 para 1.143 em 2024. Além disso, as consultas com alergistas cresceram 42,1% na rede privada entre 2019 e 2022, segundo dados da ANS analisados pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
No cenário internacional, estudos apontam crescimento expressivo de alergias, como no Reino Unido, onde os casos de anafilaxia alimentar triplicaram entre 1998 e 2018.
Entre os principais tratamentos modernos está a dessensibilização oral, também chamada de imunoterapia, que consiste na ingestão gradual de alimentos alergênicos para aumentar a tolerância do paciente. Um estudo recente do King’s College London mostrou que dois terços dos adultos submetidos a essa técnica passaram a tolerar cinco amendoins sem reação.
Outras formas de dessensibilização, como adesivos e injeções, estão sendo testadas. Ainda há desafios no acesso e no custo, principalmente dos anticorpos monoclonais — injeções mensais que podem custar até R$ 15 mil cada e são indicadas para casos mais graves, como de asma.
Apesar disso, os especialistas reforçam que há medicamentos modernos e acessíveis que não causam sonolência e oferecem mais controle dos sintomas. E há uma boa notícia: muitas crianças com alergias tendem a melhorar com o tempo, já que o sistema imunológico aprende a reconhecer melhor os agentes ao longo dos anos.
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