Após dois séculos, araras-canindés voltam a voar no céu do Rio de Janeiro
Espécie extinta da região por causa da caça é reintroduzida no Parque Nacional da Tijuca após resgate e reabilitação

Em um momento histórico para a fauna brasileira, quatro araras-canindés voltaram a habitar o Rio de Janeiro após mais de 200 anos de ausência. As aves, símbolo da biodiversidade sul-americana, foram soltas no Parque Nacional da Tijuca como parte do Projeto Refauna, que visa restaurar espécies nativas extintas da região.
As araras passaram por um ano de reabilitação em Aparecida (SP), após serem resgatadas do tráfico de animais silvestres. “Eram vítimas de maus-tratos e não tinham mais condições de viver livres. Foi preciso um trabalho intenso para recuperá-las e treinar o voo”, explicou o veterinário Gerson Norberto.
A viagem de 280 km até o Rio foi feita em caixas especiais de transporte, respeitando todos os padrões de segurança e bem-estar animal. No novo lar, as araras encontrarão condições ideais para reprodução e adaptação ao ambiente natural. “Elas têm total capacidade reprodutiva e poderão contribuir para o equilíbrio ecológico da floresta”, destacou o veterinário Jeferson Pires.
Entre as aves reintroduzidas, estão Fernanda e Selton, um casal já formado, além de outras duas fêmeas ainda sem nome. Elas permanecerão por alguns meses em um viveiro de adaptação no alto da floresta, onde passarão por treinamentos para reconhecer alimentos naturais e evitar contato com humanos. “Queremos que elas se tornem verdadeiramente selvagens de novo”, disse Marcelo Rheingantz, biólogo da UFRJ e diretor do projeto.
A reintrodução é fruto de um esforço conjunto com o ICMBio e outras instituições. O objetivo vai além da soltura: busca-se restaurar o papel ecológico das araras na floresta, incluindo a dispersão de sementes.
“Meu sonho é ver essas araras voando ao redor do Cristo Redentor e povoando o céu do Rio de Janeiro”, declarou emocionado Marcelo.
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