O Brasil apreendeu 447,09 quilos de ouro ilegal ao longo de 2025, volume quase quatro vezes maior do que o registrado em todo o ano de 2024. Os dados são da Polícia Federal e consideram o minério extraído sem autorização, em áreas proibidas ou com documentação falsa. Quase metade das apreensões ocorreu em Roraima, que somou 213,69 quilos entre janeiro e o início de dezembro.

A maior apreensão do país em 2025 — e também a maior já realizada pela Polícia Rodoviária Federal — aconteceu em agosto, em Boa Vista, quando 103 quilos de ouro foram interceptados. Avaliado em cerca de R$ 61 milhões, o material estava com um empresário condenado a quase nove anos de prisão.

Além de Roraima, os estados com maiores volumes apreendidos foram Amazonas (73,71 kg), São Paulo (46,74 kg), Pará (40,28 kg) e Rondônia (6,95 kg). No total, mais de 345 quilos do ouro ilegal foram apreendidos na Amazônia Legal, evidenciando a concentração do problema na região.

Segundo a Polícia Federal, o crescimento expressivo das apreensões está diretamente ligado ao fortalecimento da fiscalização e à mudança nas regras de controle, como o fim da presunção de boa-fé na comercialização do minério. A corporação também aponta que Roraima passou a ser utilizada como rota para escoar ouro extraído ilegalmente em outras áreas da Amazônia.

O delegado da PF em Roraima, Caio Luchini, explica que a posição geográfica do estado, na fronteira com a Venezuela e a Guiana, facilita a saída do minério do país. De acordo com ele, criminosos utilizam principalmente rodovias como a BR-401, que liga o Brasil à Guiana, e a BR-174, que dá acesso à Venezuela, muitas vezes simulando viagens familiares para tentar driblar a fiscalização.

O valor estimado do ouro apreendido em 2025 chega a aproximadamente R$ 348 milhões, considerando a cotação internacional do metal. As investigações seguem em andamento para identificar as rotas, os financiadores e os responsáveis pela extração e comercialização ilegal do minério em diferentes regiões do país.