Ativista brasileiro é mantido em solitária em Israel após greve de fome; defesa denuncia violações de direitos humanos
A punição ocorreu após a interceptação de um barco com ajuda humanitária à Faixa de Gaza, em águas internacionais, considerada ilegal pela defesa

O ativista brasileiro Thiago Ávila foi transferido para uma cela de confinamento solitário na prisão de Ayalon, em Israel, após iniciar uma greve de fome e sede em protesto por sua detenção. A organização de direitos humanos Adalah, que atua na sua defesa, afirmou que ele está sendo punido por exercer seu direito à manifestação e alerta para as más condições da cela: escura, pequena e sem ventilação. A punição ocorreu após a interceptação de um barco com ajuda humanitária à Faixa de Gaza, em águas internacionais, considerada ilegal pela defesa.
Thiago é um dos doze ativistas detidos pela Marinha israelense enquanto tentavam levar alimentos e medicamentos ao território palestino, que enfrenta uma crise humanitária agravada pelo bloqueio imposto por Israel. A Justiça israelense determinou sua deportação até quinta-feira (12), mas ainda não foi informado um horário. A esposa do ativista, Laura Souza, afirma haver informações conflitantes sobre o processo.
O Conselho Nacional de Direitos Humanos do Brasil classificou a detenção e a interceptação do barco como crime de guerra e solicitou ao governo brasileiro o rompimento de relações diplomáticas com Israel. Já o Itamaraty publicou nota exigindo a libertação do ativista e denunciando a prisão como violação do direito internacional. A eurodeputada franco-palestina Rima Hassan, que também participou da missão humanitária, foi colocada em solitária por escrever “Palestina Livre” na cela, mas posteriormente foi transferida de volta para a prisão onde estão os demais detidos. Thiago, no entanto, segue isolado.
Israel afirmou que a ajuda levada pelo grupo era simbólica e que fornece assistência por meios oficiais, embora a ONU denuncie graves restrições ao acesso humanitário em Gaza e acuse o governo israelense de ações desumanas nos pontos de distribuição de alimentos. A ONU também critica a quantidade insuficiente de ajuda e relata vítimas e feridos nos centros de distribuição. Em resposta à repressão, milhares de ativistas de 51 países organizam a Marcha Global a Gaza, que partirá do Egito em direção à fronteira de Rafah, em protesto contra o bloqueio e em defesa do direito à ajuda humanitária no território palestino. Com informações: Agência Brasil