Banho-maria: a história de uma alquimista judia que salvou a ciência e a sua cozinha
O termo "banho-maria" não é uma lenda, mas uma homenagem a uma figura histórica real: Maria, a Judia, uma alquimista lendária de Alexandria. O método que ela inventou, que consiste em aquecer substâncias delicadas de forma indireta e controlada, é usado até hoje em laboratórios e cozinhas de todo o mundo

Você conhece a técnica do banho-maria: uma panela com água quente usada para aquecer outra, de forma suave, sem queimar o conteúdo. É o segredo para derreter chocolate, manter molhos no ponto e até cozinhar pudim. Mas a origem do nome, que nos remete a uma figura histórica, é um mistério para muitos.
A história aponta para uma mulher chamada Maria, a Judia, também conhecida como Maria, a Profetisa, uma lendária alquimista de Alexandria que viveu por volta do século III ou IV. Embora sua biografia seja envolta em mistério, ela foi reverenciada por sábios de seu tempo.
Maria foi uma figura real da protoquímica em Alexandria, uma cidade vibrante onde gregos, egípcios, romanos e uma grande comunidade judaica se encontravam. Em textos de alquimistas posteriores, como Zósimo de Panópolis, ela é citada como a inventora de dispositivos que influenciaram séculos de laboratório.
Entre suas invenções, três são as mais notáveis: o banho-maria (balneum Mariae), um banho de aquecimento indireto que distribui o calor de forma suave e controlada, e o kerótakis, um forno fechado com aquecimento na parte de baixo, que era usado para tingimentos e sublimação. O tribikos, um tipo de alambique de três braços para separar líquidos por aquecimento e resfriamento, também é atribuído a ela.
O princípio do banho-maria é simples e genial: a água ferve a cerca de 100 °C, o que impede que a mistura de cima talhe, empedre ou queime. Além disso, a água transfere o calor de forma uniforme, evitando “pontos quentes” que poderiam estragar a receita.
Com o tempo, o nome da técnica viajou pelo latim (balneum Mariae), passou pelos manuscritos árabes e latinos e chegou ao francês como bain-marie, até se tornar o nosso conhecido “banho-maria”. Embora lendas tenham tentado ligar o termo à Virgem Maria ou a Maria Antonieta, a tradição aponta para uma figura inventora e não um símbolo religioso.
A história do banho-maria é a prova de como mulheres e minorias, mesmo nas entrelinhas dos livros, podem deixar um legado duradouro. Da próxima vez que você salvar um pudim ou um molho delicado, lembre-se que a técnica veio de uma mulher que, com sua genialidade, mudou o mundo da ciência e da culinária para sempre.