Brasil registra mais de 344 mil internações por doenças relacionadas ao saneamento

Os dados revelam que as regiões com menor infraestrutura de saneamento básico são as mais afetadas, principalmente no que diz respeito às doenças de veiculação hídrica e vetorial

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Foto: Arquivo/Fernando Frazão/Agência Brasil

O Brasil enfrentou um grande número de internações devido a doenças ligadas ao saneamento básico inadequado em 2024, conforme dados divulgados nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Trata Brasil. Ao todo, o país registrou 344 mil internações, sendo 168,7 mil relacionadas a infecções propagadas por insetos-vetores, como a dengue, e 163,8 mil por doenças de transmissão feco-oral, como as gastroenterites. Embora os números absolutos sejam alarmantes, a boa notícia é que, desde 2008, as internações têm diminuído a uma taxa média de 3,6% ao ano.

O estudo também chama a atenção para a disparidade na situação do saneamento entre as diversas regiões do país. A Região Centro-Oeste, por exemplo, foi a mais afetada, com a maior taxa de internações por doenças transmitidas por insetos, especialmente devido a um surto de dengue. Já a Região Norte apresentou a taxa mais alta de internações por doenças de transmissão feco-oral, o dobro da média nacional, com destaque para os estados do Amapá e Rondônia, que figuraram entre os piores índices do Brasil.

Os dados revelam que as regiões com menor infraestrutura de saneamento básico são as mais afetadas, principalmente no que diz respeito às doenças de veiculação hídrica e vetorial. O Amapá, por exemplo, apresentou uma taxa de 24,6 internações por cada 10 mil habitantes, enquanto Rondônia registrou 22,2. A Região Nordeste, embora próxima à média nacional em termos gerais, destacou-se negativamente no índice de doenças feco-orais, especialmente no Maranhão, onde a taxa foi alarmante: 42,5 internações a cada 10 mil habitantes, seis vezes mais do que a média do país.

Além da falta de infraestrutura, as doenças relacionadas ao saneamento básico afetam principalmente as populações de menor renda. No total de internações registradas em 2024, 64,8% envolvem pessoas negras ou pardas, enquanto a incidência entre os indígenas foi quatro vezes superior à da população em geral. Outro dado relevante é o impacto nas faixas etárias mais vulneráveis, com cerca de 70 mil internações de crianças com até 4 anos, representando 20% do total. Já entre os idosos, as internações somaram 80 mil, ou 23,5% do total de casos, destacando o grupo como o mais suscetível às complicações dessas doenças.

O Instituto Trata Brasil alerta para a urgente necessidade de investimentos em infraestrutura de saneamento básico para reduzir drasticamente as taxas de internações e óbitos. O estudo estima que a ampliação da oferta de água tratada e a expansão do sistema de coleta e tratamento de esgoto poderiam diminuir até 70% as internações e gerar uma economia de R$ 43,9 milhões por ano ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O saneamento básico adequado, que envolve o fornecimento de água potável, tratamento de esgoto e coleta de resíduos sólidos, é uma das principais medidas para a prevenção de doenças transmitidas pela água, alimentos contaminados e insetos. O acúmulo de lixo e a falta de infraestrutura básica favorecem a proliferação de mosquitos e a contaminação de recursos hídricos, potencializando surtos de doenças como a dengue e outras infecções de origem hídrica.

Mortalidade e Desigualdade Social

Além das internações, o estudo também levantou dados sobre a mortalidade associada às doenças relacionadas ao saneamento. Em 2023, o Brasil registrou 11.544 óbitos, sendo a maioria causada por infecções feco-orais e doenças transmitidas por insetos. A mortalidade entre os idosos foi particularmente alarmante, com 76% dos óbitos registrados em pessoas com mais de 60 anos. A situação das comunidades indígenas é ainda mais preocupante, com uma taxa de mortalidade quatro vezes superior à da população geral, apesar da quantidade absoluta de casos ser menor.

Esses dados revelam uma disparidade ainda maior no acesso ao saneamento básico e refletem a necessidade de políticas públicas mais eficazes para garantir que os serviços essenciais cheguem às populações mais vulneráveis, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde as condições de infraestrutura ainda são precárias. Com informações da Agência Brasil.

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Matheus Vinicios Barreira

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