No coração do Mato Grosso do Sul, no município de Jardim, uma imensa dolina conhecida como Buraco das Araras impressiona por sua beleza natural e importância ecológica. Com cerca de 100 metros de profundidade e 500 metros de circunferência, a cratera é lar de 120 araras-vermelhas e mais de 150 espécies de aves, répteis e outros animais. Entre os moradores do local estão jacarés, sucuris de até 7 metros, morcegos, macacos e dezenas de tipos de pássaros.

Formada ao longo de milhões de anos por processos geológicos naturais, a dolina foi descoberta por trabalhadores rurais em 1912 e transformada, em 2007, em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). A iniciativa foi do proprietário Modesto Sampaio, que decidiu abandonar a pecuária para investir na preservação ambiental. Desde então, mais de 100 mil mudas foram plantadas na região, ajudando a restaurar o ecossistema ao redor.

A estrutura rochosa da cratera é essencial para a reprodução das araras, que utilizam as cavidades para formar ninhos e desgastar naturalmente os bicos. O local também conta com um pequeno lago alimentado por nascentes subterrâneas e água da chuva.

Além da conservação, o Buraco das Araras se tornou exemplo de turismo sustentável. As atividades permitidas na área incluem trilhas monitoradas, observação de aves e educação ambiental. Os passeios, que variam de R$ 117 a R$ 385, são conduzidos por guias treinados e seguem regras rigorosas para evitar impacto na fauna e flora.

Desde que se tornou RPPN, a entrada na cratera é permitida apenas para pesquisas científicas autorizadas. A fiscalização é feita anualmente por órgãos como ICMBio, Ibama e secretarias ambientais.

O Buraco das Araras é um símbolo de como a iniciativa privada, aliada à legislação ambiental, pode contribuir significativamente para a proteção de ecossistemas únicos e ameaçados.

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