O automóvel é o meio de transporte mais utilizado pelos brasileiros para ir ao trabalho, segundo dados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta quinta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, 32% das pessoas que se deslocam pelo menos três vezes por semana até o local de trabalho utilizam o carro, superando os 21,4% que usam ônibus. Em terceiro lugar estão os que vão a pé, com 17,8%. Para o analista do IBGE Mauro Sergio Pinheiro de Sousa, os dados refletem um histórico de priorização do automóvel no país e deficiências no transporte público, mais evidentes em grandes centros urbanos como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Brasília.

O tempo de deslocamento é outro destaque do levantamento.  No Brasil, 57% dos trabalhadores levam de 6 a 30 minutos para chegar ao trabalho. No entanto, nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, esse número cai para 36%, enquanto 12,6% dos brasileiros gastam mais de uma hora no trajeto — proporção que chega a quase 30% nas duas capitais. O município de Queimados (RJ) lidera o ranking nacional de maiores tempos de deslocamento: 12,5% dos trabalhadores demoram duas horas ou mais para chegar ao trabalho. A média brasileira, por comparação, é de 1,8%.

O estudo também evidencia desigualdades sociais e raciais. Entre os trabalhadores negros, 16,4% gastam pelo menos uma hora no trajeto, contra 10,4% entre brancos. Além disso, pessoas com maior escolaridade e renda têm deslocamentos mais curtos — 57,8% dos que possuem ensino superior completo usam carro, enquanto apenas 28,6% dos que concluíram o ensino médio fazem o mesmo.

Trabalho e mobilidade

O Censo mostra ainda que 88,4% dos brasileiros trabalham no mesmo município onde moram, e 10,7% precisam se deslocar para outra cidade. Desses, 7,9 milhões fazem esse trajeto pelo menos três vezes por semana. Os dados revelam um retrato das desigualdades de mobilidade urbana no país e reforçam o desafio de tornar os deslocamentos mais rápidos, sustentáveis e acessíveis para toda a população. Com informações: Agência Brasil