China impõe cotas e taxas à carne bovina importada e pode afetar exportações do Brasil

Novas regras entram em vigor em 2026, preveem tarifa de 12% e sobretaxa de 55% para volumes acima da cota; setor estima perdas bilionárias para a pecuária brasileira

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Foto: MAPA / Istock

A China anunciou novas restrições à importação de carne bovina como forma de proteger seus produtores internos. A partir de 1º de janeiro de 2026, o país passará a adotar cotas anuais de importação, além da cobrança de tarifa de 12% sobre a carne comprada do exterior, incluindo a do Brasil, maior fornecedor do produto.

De acordo com informações da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), compras que ultrapassarem os limites estabelecidos estarão sujeitas a uma sobretaxa de 55%. As medidas terão validade inicial de três anos.

Segundo o Ministério do Comércio chinês, a cota total para 2026 será de 2,7 milhões de toneladas, volume próximo ao recorde registrado em 2024, quando o país importou 2,87 milhões de toneladas, mas inferior ao total adquirido nos primeiros 11 meses de 2025.

Impacto para o Brasil

Na divisão das cotas por país, o Brasil ficará com a maior fatia em 2026: 1,1 milhão de toneladas. O volume, no entanto, é inferior ao exportado pelo país até novembro deste ano, quando as vendas para a China alcançaram 1,52 milhão de toneladas.

Atualmente, o mercado chinês responde por 48% do volume total de carne bovina exportado pelo Brasil e por 49,9% do faturamento, o equivalente a US$ 8,08 bilhões. Os Estados Unidos aparecem como segundo principal destino, com 244,5 mil toneladas e US$ 1,46 bilhão em compras.

O governo brasileiro avaliou que o impacto tende a ser limitado. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a decisão “não é algo tão preocupante”, destacando que o Brasil já exporta volumes próximos às cotas e vem ampliando mercados, como a expectativa de abertura do Japão em 2026. Ainda assim, o ministro informou que o país pretende negociar com a China, buscando, por exemplo, a redistribuição de cotas de outros fornecedores.

Preocupação do setor

Em nota conjunta, Abiec e CNA ressaltaram que as novas regras exigirão ajustes em toda a cadeia produtiva, da pecuária à exportação. Já a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) estima que as restrições possam gerar perda de até US$ 3 bilhões em receita para o Brasil em 2026.

A entidade alerta que a medida pode desestimular investimentos no setor pecuário e provocar efeitos em cadeia, com reflexos sobre emprego, renda e produção no campo, caso não haja compensações ou revisão dos limites impostos pela China.

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Redação Paiquerê FM News

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