Um novo estudo publicado na revista Frontiers in Ethology revelou algo surpreendente: as cascavéis do Pacífico Sul (Crotalus helleri) podem se acalmar em situações de estresse quando estão acompanhadas de outra cobra. O fenômeno, conhecido como “amortecimento social” — já observado em humanos, roedores, aves e primatas — foi pela primeira vez registrado em répteis.

A pesquisa foi liderada por Chelsea Martin, doutoranda da Loma Linda University, na Califórnia, em parceria com o professor William Hayes. Eles observaram que as cobras submetidas a ambientes estressantes, como baldes selados simulando confinamento, apresentaram batimentos cardíacos significativamente mais baixos quando estavam com outra cobra, em comparação com quando estavam sozinhas ou acompanhadas apenas de uma corda do mesmo tamanho.

As observações começaram após Hayes notar, em suas atividades de remoção de cobras em áreas residenciais, que os animais ficavam mais calmos quando transportados juntos. A partir disso, a equipe elaborou experimentos com 25 cascavéis de diferentes habitats, tanto de regiões montanhosas quanto de áreas mais baixas — todas reagiram positivamente à presença de um “companheiro”.

A descoberta desafia a ideia de que répteis são totalmente solitários e abre novas possibilidades para a compreensão do comportamento social de cobras, lagartos e outros animais de sangue frio. Especialistas como a herpetóloga Erika Nowak, da Northern Arizona University, que não participou da pesquisa, elogiaram o estudo e destacaram a importância de repensar como tratamos esses animais em ambientes naturais e em cativeiro.

Além de contribuir para o conhecimento científico, o estudo também busca mudar a percepção pública sobre as cobras, muitas vezes vistas apenas como ameaças. “Elas estão apenas tentando se proteger. São animais reclusos e, como mostramos, até se beneficiam da companhia”, afirmou Hayes.

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