Coletivo MuDe é lançado em Londrina com foco no apoio a mulheres que cuidam de pessoas com demência
Projeto SEMEAR oferecerá formação e auxílio gratuito a cuidadoras informais de famílias de baixa renda

Foi apresentado na manhã desta terça-feira (8), durante reunião do grupo empresarial BNI, no Iate Clube de Londrina, o MuDe – Mulheres pela Demência, um coletivo formado por mulheres de diversas áreas que se unem para dar visibilidade e suporte a outras mulheres que cuidam de pessoas com Alzheimer ou outras demências. Dados da Unifesp, publicados pela revista Alzheimer’s & Dementia, mostram que 93,6% dos cuidadores de pessoas com demência no Brasil são mulheres, a maioria sem remuneração, preparo técnico ou apoio. Quase metade dessas mulheres deixa o trabalho para assumir o cuidado, e 85% relatam exaustão emocional constante.
Para enfrentar esse cenário, o coletivo lança seu primeiro projeto, o SEMEAR, que vai capacitar mulheres em situação de vulnerabilidade social para atuarem como cuidadoras especializadas. Durante a formação, elas receberão bolsa remunerada e, após o curso, prestarão atendimento gratuito a famílias de baixa renda. As cuidadoras formadas irão até as casas das mulheres que cuidam sozinhas de parentes com demência, oferecendo de três a seis horas semanais de apoio, garantindo momentos de respiro e autocuidado.
“Quem cuida sozinha de alguém com Alzheimer, muitas vezes, não tem tempo nem de tomar um banho demorado. O SEMEAR vem justamente para isso: para dar esse respiro e valorizar quem está nessa linha de frente invisível há tanto tempo”, afirmou Elaine Mateus, coordenadora do projeto, fundadora do Instituto Não Me Esqueças (INME) e presidente da Febraz (Federação Brasileira das Associações de Alzheimer).
O MuDe está em fase de captação de recursos, com meta de iniciar a formação da primeira turma e atender ao menos dez famílias em Londrina. O lançamento contou com a presença de autoridades como Marisol Chiesa, secretária da Família e Desenvolvimento Social, que destacou a urgência da pauta: “É uma missão justa e necessária”. A proposta também foi bem recebida por empresários e empresárias do BNI, como destacou Clarissa Santiago, diretora executiva regional: “Projetos como o SEMEAR nos conectam com propósitos maiores. Queremos contribuir com recursos, conhecimento e rede”.