Consumo de peixes é associado a menor risco de gordura no fígado, aponta estudo
Pesquisa observacional indica que ingestão de peixes gordurosos pode estar ligada a menor acúmulo de gordura hepática

Um estudo observacional publicado recentemente identificou uma associação entre o consumo regular de peixes gordurosos e menores índices de gordura no fígado, condição conhecida como esteatose hepática. A pesquisa avaliou 1.297 adultos participantes do estudo NUTRIHEP, realizado em países da região do Mediterrâneo.
Os voluntários passaram por exames de ultrassonografia hepática e responderam a questionários alimentares detalhados. De acordo com os resultados, pessoas que relataram maior ingestão de peixes como sardinha e salmão apresentaram menor acúmulo de gordura no fígado em comparação com aquelas que consumiam esses alimentos com menor frequência.
Como o estudo foi conduzido
Os pesquisadores utilizaram a ultrassonografia — método amplamente empregado em estudos populacionais — para estimar a presença de gordura hepática. Esses dados foram cruzados com informações alimentares autorreferidas pelos participantes.
A análise levou em conta fatores como idade, sexo, índice de massa corporal (IMC), presença de diabetes e nível de atividade física. Mesmo após esses ajustes, a associação entre maior consumo de peixes gordurosos e menor risco de esteatose hepática permaneceu estatisticamente significativa.
Por que o peixe pode beneficiar o fígado
Peixes gordurosos são fontes importantes de ácidos graxos ômega-3, especialmente EPA (ácido eicosapentaenoico) e DHA (ácido docosahexaenoico). Essas substâncias possuem propriedades anti-inflamatórias reconhecidas.
A inflamação crônica é um dos principais mecanismos envolvidos na progressão da gordura no fígado para quadros mais graves, como esteatohepatite, fibrose e cirrose. Além disso, o consumo de peixe costuma substituir alimentos ricos em gorduras saturadas e ultraprocessados, favorecendo um padrão alimentar mais saudável.
Limitações do estudo
Os próprios autores alertam que o trabalho tem caráter observacional, o que impede estabelecer uma relação de causa e efeito. Pessoas que consomem mais peixe tendem, em média, a adotar outros hábitos saudáveis, como seguir a dieta mediterrânea, praticar atividade física e reduzir o consumo de bebidas açucaradas.
Outro ponto é que os dados alimentares foram obtidos por questionários, método sujeito a falhas de memória e viés de resposta. Por isso, os resultados devem ser interpretados com cautela.
Contexto de saúde pública
A esteatose hepática não alcoólica atinge cerca de 25% a 30% da população mundial e está fortemente associada à obesidade, resistência à insulina e síndrome metabólica. Embora muitas vezes assintomática, a condição pode evoluir para doenças hepáticas graves.
Por esse motivo, mudanças no estilo de vida são consideradas a principal estratégia de prevenção e tratamento nas diretrizes médicas atuais.
O que os especialistas recomendam
Os autores reforçam que não existe solução isolada para prevenir a gordura no fígado. As recomendações incluem:
controle do peso corporal;
alimentação equilibrada, com padrão mediterrâneo;
redução de ultraprocessados e bebidas açucaradas;
consumo responsável de álcool;
prática regular de atividade física.
Dentro desse contexto, substituir carnes processadas por peixes ricos em ômega-3 pode ser uma estratégia alimentar segura e potencialmente benéfica.
Próximos passos da ciência
Os resultados servem como base para ensaios clínicos controlados, que poderão avaliar se o aumento do consumo de peixes ou a suplementação de EPA e DHA reduz diretamente a gordura hepática e a inflamação do fígado, além de definir doses e duração ideais.
Siga a Paiquerê FM 98.9
📻 Informação com credibilidade, ciência explicada com clareza.
#PaiquereFM989 #PaiquereFMNews #Saúde #Ciência #Nutrição #Fígado #Ômega3 #AlimentaçãoSaudável

