Em Londrina, Divisão de Artes Plásticas sedia exposição de fotografias do Coletivo FotoFlores até o dia 20 de dezembro
A visitação na Divisão de Artes Plásticas poderá ser feita até 20 de dezembro, no período de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12h e das 14h às 17h30. Foto: Divulgação

Trazendo o olhar dos jovens fotógrafos da Ocupação Flores do Campo, na zona norte de Londrina, a exposição Coletivo FotoFlores – Movimento em Construção foi inaugurada na quinta-feira (14), na Divisão de Artes Plásticas (DaP) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A abertura ocorrerá das 19h30 às 21h30, e marca a última temporada de exibições da mostra na cidade. A DaP fica na rua Pernambuco, 540, centro.

Além do novo espaço, a exposição já passou pela Ocupação Flores do Campo, em uma das residências restauradas e transformadas em um centro cultural e comunitário, e também foi levada à Vila Cultural Canto do MARL. A visitação na Divisão de Artes Plásticas poderá ser feita até 20 de dezembro, no período de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12h e das 14h às 17h30. A entrada é gratuita e visitas mediadas poderão ser agendadas pelo telefone (43) 3322-6844. A exposição será reaberta em 22 de janeiro de 2025, permanecendo em cartaz até o mês seguinte.

Composta por 84 fotografias, a iniciativa é resultado de um processo de formação intensivo que capacitou adolescentes de 10 a 18 anos em diversas áreas, como fotografia, design, produção, curadoria, expografia, comunicação e assessoria de imprensa. Dessa forma, foram estimuladas a autonomia e a capacidade de apreender o cotidiano vivenciado por eles.

O estudante de 16 anos e participante do projeto, Gabriel Barbosa, conta que o seu primeiro contato com a fotografia foi em 2019, através de um trabalho realizado no Flores do Campo por Gabriel Melhado, cofundador do projeto, antes mesmo da criação do coletivo. “Aí a gente acabou se interessando pela fotografia e então ele tentou trazer esse coletivo para nós, sendo criado o FotoFlores, em 2019”.

Barbosa também relata que o projeto o ajudou a se aperfeiçoar na fotografia, principalmente a mexer com as câmeras digitais. Um dos seus maiores desafios foi controlar a respiração na hora de fotografar. “Eles falam que se você prender o ar, você consegue tirar mais fotos. No começo eu não conseguia centralizar certinho, ficar parado, mas depois fui pegando o jeito”, diz.

Para o estudante, a ação do Coletivo na comunidade do Flores do Campo foi fundamental para atrair um olhar diferente à ocupação. “O projeto deu uma cara melhor para o Flores, porque antes o povo de fora só tinha contato com notícia ruim. Mas com a gente fotografando de dentro do Flores, mostrando, fazendo exposição e tudo, acho que o povo foi ganhando uma visão melhor dali de dentro. As pessoas veem que ali também tem brincadeira, tem criança feliz, tem tudo”, relatou.

O cofundador do Coletivo FotoFlores e coordenador das atividades, Gabriel Melhado, afirma estar satisfeito com o carinho com que o público tem tratado o trabalho do grupo. Para além de tornar conhecida a arte produzida na Ocupação, valorizando seus moradores e a luta por moradia, ele avalia como positivas as relações que têm sido constituídas nesse processo. “Estamos felizes com o caminhar da exposição, que tem sido bem recebida. São muito importantes as articulações que estão surgindo através dela. A mostra está funcionando como catalisador de novas iniciativas na Ocupação Flores do Campo, e isso é muito rico”, analisa.

Responsável por chefiar a DaP e atuar na coparticipação da curadoria e expografia da exposição, Danillo Villa considera que o elemento mais forte dessa parceria é o sentido de coletivo, abrangendo essas muitas vozes que contribuem para a composição do trabalho. “O que interessa é saber onde se constitui o discurso e, com certeza, no Flores do Campo está acontecendo isso. Está sendo gerado valor lá, de muitas formas. Nesse sentido, a gente participou dessa rede para fazer com que esses valores circulem e para que as pessoas possam entrar em contato e relativizar o que é entendido como artístico, como se produz arte. Tem sido um aprendizado para todo mundo, certamente”, relatou Villa.

Coletivo FotoFlores – Fundado em abril de 2019 como ambiente de criação de vínculos e de experimentação no campo da fotografia documental, o FotoFlores possui, desde 2024, patrocínio da Secretaria de Cultura, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic). No perfil do Instagram do Coletivo Foto Flores, é possível acompanhar as demais produções da iniciativa. Com informações do N.Com.