Especialistas apontam: a língua mais difícil do mundo é falada no Brasil
O idioma Pirahã, usado por cerca de 400 indígenas no sul do Amazonas, é considerado por linguistas a língua mais difícil do mundo. Simples em estrutura, mas complexa em uso, pode levar até 10 anos para ser aprendida por não nativos

Quando se fala em línguas difíceis, logo vêm à mente idiomas como mandarim, russo ou árabe. Mas, segundo especialistas, a língua mais difícil do mundo é brasileira: o Pirahã, falado por um pequeno grupo indígena que vive às margens do Rio Maici, no sul do Amazonas.
O idioma é o único ainda vivo do tronco linguístico Mura e é usado por cerca de 400 pessoas. Apesar de contar com apenas três vogais (a, i, o) e seis consoantes (g, h, s, t, p, b), sua complexidade está no modo como os sons são utilizados. A língua é tonal, o que permite criar diferentes formas de comunicação — como por meio de gritos, assobios e até “fala-comendo”, em que o tom de voz permite que os indígenas conversem mesmo enquanto mastigam.
Outro detalhe curioso é que a pronúncia varia conforme o gênero: uma sétima consoante, semelhante ao “k”, só é usada pelos homens. Além disso, alguns deles falam português, enquanto as mulheres se comunicam apenas em pirahã.
A gramática também desafia qualquer aprendiz. O idioma só possui um tempo verbal, o presente, não distingue singular de plural e não conta com sistema numérico. Para os Pirahã, a percepção de mundo é tão concreta que não existe mitologia ou crenças abstratas: eles acreditam apenas no que pode ser visto, provado ou sentido.
Por essa razão, estudiosos estimam que um falante médio precisaria de até 10 anos para aprender o idioma. O linguista Rolf Theil, da Universidade de Oslo, classificou o Pirahã como “sem dúvida, a língua mais difícil do mundo”. O tema também foi explorado no documentário The Grammar of Happiness (2012), que acompanhou as pesquisas do linguista Daniel Everett junto ao povo Pirahã.
Mais do que um desafio linguístico, o Pirahã é considerado um patrimônio cultural único, que mostra a diversidade e a riqueza dos povos indígenas no Brasil.
📌 Com informações: Instituto Socioambiental (ISA), Universidade de Oslo e documentário The Grammar of Happiness