Alívio tarifário dos EUA é mais um passo para encerrar longa rusga diplomática com Brasil

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A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de isentar mais produtos das tarifas de 40% representa outro passo em direção à solução de uma divergência diplomática iniciada em 9 de julho deste ano.

Naquele dia, o republicano vinha publicando na Truth Social cartas abertas em que informava a sobretaxa recíproca de vários países. Um atrás do outro, os documentos traziam linguagem idêntica, com reclamações corriqueiras de Trump sobre a política comercial, apenas mudando a alíquota que cada nação enfrentaria.

Já era começo de noite no Brasil quando a carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi publicada. Mas a missiva era diferente das outras, não apenas pelo tamanho punitivo da tarifa. Nela, Trump citava o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por envolvimento na trama golpista após as eleições de 2022 como justificativa principal para o tarifaço.

“A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional”, dizia o líder americano.

As palavras deram início a um longo silêncio nos canais diplomáticos entre os dois países, enquanto o filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, articulava punições a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em Washington. Sob a influência da ala ideológica, a Casa Branca impôs sanções sobre o ministro Alexandre de Moraes e cancelou vistos de juízes brasileiros.

O governo Lula protestou contra as medidas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Mesmo assim, no final de julho, os americanos confirmaram o tarifaço, mas incluíram uma extensa lista de isenções a produtos como aviões e suco de laranja. Outros produtos centrais para as exportações brasileiras, contudo, foram tarifados.

A partir de então, o afastamento entre Brasília e Washington perdurou até setembro, quando, mais uma vez, Trump surpreendeu. Na Assembleia Geral da ONU, o líder republicano relatou uma conversa de alguns segundos que teve com Lula. Foi o suficiente para desenvolverem uma “química”, nas palavras do próprio Trump. Era a senha para a reabertura do diálogo.

No começo de outubro, Trump e Lula conversaram por telefone e direcionaram suas equipes a abrirem as negociações formalmente. Mais tarde, na Malásia, os dois tiveram um encontro presencial, que descreveram positivamente. Desde então, os dois países vinham negociando intensivamente.

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Estadão

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