Alta de commodities é insuficiente para animar Ibovespa sem NY e após recorde na véspera
A ausência das bolsas de Nova York nesta quinta-feira, 27, devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, pode instigar um ajuste do Ibovespa. O Índice Bovespa opera desde a abertura perto da estabilidade.
“Hoje a liquidez será reduzida no geral. É importante ressaltar que o capital estrangeiro tem ajudado a Bolsa”, diz João Paulo Paiva, analista de Renda Variável e Estruturados da Arton Advisors, no sentido de que nesta quinta-feira esse investidor pode ficar de fora dos negócios pelo feriado nos EUA, que fecha os mercados por lá no dia e reduzirá o horário de funcionamento amanhã.
Na véspera, o Índice Bovespa avançou 1,70%, fechando no nível recorde dos 158.554,94 pontos. A alta decorreu principalmente de perspectivas de novo afrouxamento monetário nos Estados Unidos em dezembro e de início de queda da Selic em janeiro.
“Deve ser um pregão mais morno por causa do feriado americano. O mercado se animou bastante tanto com o Livro Bege do Fed, indicando continuidade de quedas nos juros nos Estados Unidos, e falas do governador de São Paulo”, diz Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Um dia após o início da execução penal de Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que os chefes de Executivo estaduais de direita e centro-direita vão se reunir até março e, com apoio do ex-presidente, derrotar o petismo em 2026.
Além da expectativa de uma sessão “mais parada” nesta quinta-feira, Gabriel Mollo, analista de investimentos da Daycoval Corretora, também acredita que o pregão de amanhã pode ir na mesma linha. “Só se houver um noticia fora do contexto, alguma ‘pauta-bomba’ mais focada no Brasil para que o mercado se mexa. Com as bolsas fechadas nos Estados Unidos, o estrangeiro que tem feito preço, estimulado o mercado aqui, fica fora”, explica Mollo.
Hoje, ficam no foco o Caged de outubro (14h30) e falas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, em eventos à tarde. “Temos um início de sessão mais cautelosa nos mercados brasileiros, mesmo em um ambiente animado. Nessa semana, o Ibovespa retomou tendência de alta depois de alguns poucos dias de realização. Ontem, de novo, topo histórico renovado. Há um ambiente mais estrutural, digamos assim, ainda positivo”, afirma Bruna Sene, analista de renda variável da Rico.
Ainda investidores aguardam detalhes do Plano de Negócios da Petrobras para 2026-2030, que passará nesta quinta-feira pela análise do conselho de administração da estatal. As ações da Petrobras avançam de forma moderada nesta manhã, em meio à indefinição nas cotações do petróleo no exterior. Além disso, os papéis ligados ao setor de metais recuam, a despeito da alta de 0,44% do minério de ferro no fechamento hoje do mercado em Dalian, na China.
No exterior, o destaque é a ata do Banco Central Europeu (BCE). Divulgada nesta manhã, mencionou que a avaliação das perspectivas de inflação permaneceu praticamente inalterada. No dia 30 de outubro, o BCE mantém taxa de depósito em 2%.
Com o feriado nos Estados Unidos, que fecha os mercados hoje e deixará as bolsas de Nova York com horário reduzido amanhã, os investidores podem aproveitar o exterior esvaziado para fazer uma pausa após os ganhos de ontem, considerando também temas locais mau resolvidos – especialmente a questão fiscal sempre preocupante, ressalta Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em nota.
“Ontem, a agência Moody’s reiterou os ratings do País, reforçando que uma elevação dependerá de ‘reformas de gastos mais profundas’ e mudanças em vinculações e indexações, algo que está fora do radar até o final de 2026”, diz Silvio Campos Neto.
Às 11h02, o Ibovespa cedia 0,05%, aos 158.480,90 pontos, ante abertura em 158.553,52 pontos, com variação zero. Caiu 0,10%, na mínima em 158.403,78 pontos, e subiu 0,19%, na máxima aos 158.863,96 pontos.

