Atentados na Colômbia lançam sombra sobre política de paz com guerrilha do presidente Petro
As guerrilhas antigovernamentais da Colômbia se fortaleceram durante os três anos de governo do presidente Gustavo Petro. Essa força ficou evidente em ataques ousados desta semana, que incluíram a explosão de um carro-bomba e a derrubada de um helicóptero da polícia – violência que deixou pelo menos 19 mortos.
As autoridades atribuíram os dois ataques de quinta-feira, 21, a facções renegadas das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, o notório grupo rebelde FARC que durante décadas lutou contra o governo, realizando assassinatos, sequestros e atentados com bombas para minar as autoridades em Bogotá.
E embora as FARC tenham fechado um acordo de paz com o governo em 2016, os rebeldes que se separaram do grupo dominante continuaram com uma campanha de terror.
Os ataques ressaltam os fracassos da política de Petro de negociar simultaneamente com vários grupos ilegais, dizem analistas, uma estratégia que permitiu que grupos rebeldes renegados ganhassem território e poder em áreas com presença estatal historicamente limitada.
Os analistas preveem que os rebeldes provavelmente intensificarão seus ataques na tentativa de afirmar seu poder antes das eleições presidenciais da Colômbia em maio.
O diretor da polícia colombiana, major-general Carlos Fernando Triana, disse a repórteres na sexta-feira que os rebeldes usaram dispositivos explosivos, como lançadores de foguetes de dinamite caseiros, além de drones no ataque. Mas ele não confirmou que um drone foi o único responsável pela derrubada do helicóptero.
O uso do drone demonstra não apenas o acesso dos insurgentes a tecnologias mais modernas, mas também sua nova capacidade de perturbar o espaço aéreo do país, há muito dominado pelos militares colombianos.
“O uso de drones é uma mudança preocupante e importante na forma como grupos insurgentes estão atacando o estado”, disse Cynthia Arnson, professora adjunta da Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins.
Segundo Arnson, a política de Petro permitiu que os grupos armados “aproveitassem os cessar-fogo para se fortalecerem e ampliarem o controle sobre áreas específicas.
A área cultivada com folha de coca na Colômbia atingiu um recorde de 253.000 hectares (cerca de 625.000 acres) em 2023, de acordo com o último relatório disponível do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.
Dados militares mostram que houve 108 ataques de drones na Colômbia em 2024, enquanto 118 foram registrados até agora neste ano.