Brasil quer negociação ‘urgente’, diz Alckmin; CNI vê ‘perde-perde’

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O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, disse nesta quarta-feira, 16, que o governo brasileiro quer uma negociação urgente, mas não vê problema se for preciso tentar prorrogar o início da vigência das tarifas impostas pelos Estados Unidos. As novas cobranças começam a partir de 1.º de agosto, segundo anúncio do presidente americano, Donald Trump.

“Nós queremos negociação, é urgente. O bom é que se resolva nos próximos dias”, disse Alckmin a jornalistas após reunião com o presidente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), Abrão Neto, ontem na sede do Mdic. “Se houver necessidade nessa negociação de prorrogar (o prazo para início das tarifas), não vejo problema.”

Mais cedo, Alckmin gravou um vídeo com os presidentes da Câmara, Hugo Mota (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em que defendem uma atuação conjunta entre governo e Congresso para reverter as tarifas impostas pelos EUA.

“Estamos prontos para estar na retaguarda do Executivo para que, nas decisões necessárias à ação do parlamento, nós possamos agir com rapidez, com agilidade, para que o Brasil possa sair mais forte desta crise”, diz Motta no vídeo.

Comitê interministerial

A criação do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais foi oficializada no decreto que regula a Lei da Reciprocidade Econômica (Lei 15.122/25). Como primeira missão, o grupo deverá ouvir os setores empresariais para detectar as implicações do anúncio, pelos EUA, de tarifas de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, a partir do dia 1.º de agosto.

Ontem, foram realizadas três reuniões com o setor produtivo para discutir ações contra as tarifas anunciadas pelos EUA. Até aqui, a principal proposta do empresariado é de buscar pelo menos mais 90 dias de discussão e evitar retaliações o quanto for possível. Representantes do setor agropecuário pediram cautela ao Executivo nas negociações e que as tratativas sejam esgotadas até 31 de julho.

PIB

O tarifaço de Trump pode reduzir em 0,16% o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e da China, além de provocar uma queda de 0,12% na economia global e uma retração de 2,1% no comércio mundial (US$ 483 bilhões), segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a partir de fontes oficiais e estudos econômicos (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; e Universidade Federal de Minas Gerais).

Segundo o estudo, estimam-se ainda queda de R$ 52 bilhões nas exportações brasileiras e diminuição de 110 mil empregos no País. Já o PIB americano poderia cair 0,37% a partir das barreiras tarifárias impostas a Brasil, China e 14 outros países, além das taxas impostas à importação de automóveis e aço de qualquer lugar.

“É um perde-perde para todos, mas principalmente para os americanos. A indústria brasileira tem nos EUA seu principal mercado, por isso a situação é tão preocupante. É do interesse de todos avançar nas negociações”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban. (COLABOROU TALITA NASCIMENTO)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Estadão

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