Com alívio no exterior, maior parte das taxas futuras cede nesta segunda

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Em um dia de agenda esvaziada aqui e no exterior e melhora generalizada no comportamento dos ativos locais, a curva a termo operou em queda na segunda parte do pregão, movimento que, para agentes de mercado, não teve gatilho específico. Investidores continuam atentos a ruídos políticos e ao desenrolar do impasse com os EUA sobre a tarifa de 50% imposta ao Brasil, mas sem maiores novidades sobre os dois temas, as taxas seguiram o alívio nos rendimentos dos Treasuries.

Terminado o pregão desta segunda, 21, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2026 passou de 14,956% no ajuste anterior para 14,960%. O DI de janeiro de 2027 oscilou de 14,378% no ajuste de sexta para 14,320%. O DI de janeiro de 2028 cedeu para 13,660%, vindo de 13,732% no ajuste antecedente, e o contrato do primeiro mês de 2029 diminuiu de 13,639% no ajuste para 13,590%.

Na parte mais longa da curva, o DI de janeiro de 2031 passou de 13,821% no ajuste para 13,800%. A taxa de janeiro de 2033 marcou 13,870%, vindo de 13,896% no ajuste anterior. Por volta das 16h, os vértices a partir de 2029 chegaram a tocar mínimas intradia.

Divulgado hoje pelo Banco Central, o relatório Focus apontou que o consenso de mercado para a alta do IPCA de 2026 caiu ligeiramente entre a semana passada e a atual, de 4,50% para 4,45%. Já a projeção para 2027 segue estacionada em 4%, e a de 2028 ficou praticamente estável, ao passar de 3,81% para 3,80%. O alvo central perseguido pelo BC é 3%.

“Apesar de muitos ruídos políticos em geral, seja na questão fiscal doméstica, seja em relação ao impasse entre Brasil e EUA, a correção nas projeções de inflação no Focus contribuiu para o fechamento da curva”, avalia Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos, ponderando que o ambiente ainda é de volatilidade e que as quedas observadas hoje nos DIs foram modestas. “A curva fechou um pouco, mas ainda está ‘de lado’. O mercado ainda precifica nível de risco”.

O Focus saiu pela manhã, assim como a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à CBN, em que o titular da Pasta mostrou tom mais conciliador sobre a ofensiva comercial americana. Haddad afirmou que o governo não vai adotar nenhuma retaliação à tarifa, e que o Itamaraty segue empenhado em negociar com Washington até 1º de agosto, data em que a alíquota deve entrar em vigor. No entanto, as taxas longas mostravam alta moderada até o início da tarde, enquanto as demais rondavam estabilidade. A reversão para quedas a partir do miolo da curva ocorreu após 15h.

“Pela manhã, a curva de juros no exterior estava fechando e a brasileira caminhava em sentido contrário. No fim das contas, o dia foi bem monótono e uma convergência para a tendência internacional é natural sem outros gatilhos adicionais”, afirma Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

Diretor de gestão e economista da Alphawave Capital, Tiago Hansen também não viu um vetor específico que tenha explicado a ligeira queda de hoje, a não ser o exterior. “Internamente, tivemos o relatório Focus com números melhores do que nas últimas semanas, e a balança comercial com superávit na terceira semana de julho”, diz Hansen. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a diferença entre exportações e importações foi positiva em US$ 1,53 bilhão no período.

Oliveira, da One Investimentos, pondera que, a despeito do alívio observado hoje na curva, o risco tarifário ainda é relevante. Não houve avanços concretos na questão entre Brasil e EUA e, se o presidente Lula subir o tom novamente, os juros longos podem ser afetados, disse. “A força de negociação está muito mais do lado dos EUA.”

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Estadão

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