Com Fed e rotação global, ações na B3 têm em setembro 4º mês com maior fluxo estrangeiro no ano
O ingresso de R$ 5,27 bilhões de investidores estrangeiros para ações negociadas na B3 em setembro colocou o mês como o quarto entre os que mais receberam aportes no Brasil neste ano. A entrada de recursos possibilitou neutralizar o fluxo de saída no trimestre, que encerrou positivo em apenas R$ 63,45 milhões. No ano, o saldo é positivo de R$ 26,51 bilhões.
O terceiro trimestre foi marcado por dúvidas em relação aos efeitos do tarifaço no País. Em 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma alíquota de 50% sobre produtos importados do Brasil. Assim, julho registrou saída da B3 de R$ 6,37 bilhões, a maior do ano.
Dias depois do anúncio da alíquota de 50%, Trump flexibilizou a medida, com uma longa lista de exceções que contemplou, por exemplo, aviões da Embraer. Isso ajudou a trazer algum alívio, que, apoiado numa rotação global de carteiras, fez o fluxo voltar a ficar positivo, em R$ 1,17 bilhão.
O ponto de virada do trimestre foi, portanto, o mês de setembro. A despeito de o Banco Central (BC) ter adotado uma postura mais conservadora para eliminar as apostas então crescentes de baixa da Selic ainda este ano, a redução de 0,25 ponto porcentual dos Fed Funds pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deu apoio à corrida global por risco. Isso porque o BC americano sinalizou mais dois cortes ainda este ano.
A tendência de enfraquecimento do dólar nos últimos meses ajudou em um reposicionamento de investidores em relação à sua concentração em ativos americanos, incentivando o fluxo para países emergentes.
“Julho prejudicou os números trimestrais, porque o estrangeiro saiu do País com as tarifas americanas mirando o Brasil. Com Trump anunciado exceções, o fluxo voltou a crescer e, com os cortes de juros do Fed, deve seguir este caminho”, afirma o head de renda variável da Fami Capital, Gustavo Bertotti.
Para o gestor de renda variável da Nero Capital, Daniel Utsch, em termos líquidos, o tarifaço para a Bolsa brasileira acabou saindo como um “tarifinho” por causa das exceções feitas pelo governo americano.
“Temos uma visão otimista para este fluxo, olhando para um prazo mais longo. Óbvio que movimentos político-econômicos internos podem mudar isso, principalmente em um curto prazo”, afirma Utsch. “Mas continuamos entendendo que é um movimento de médio e longo prazo relevante e que é muito mais provável o estrangeiro continuar alocando no Brasil do que retirar mais”, acrescenta.
*Conteúdo elaborado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado