Daniel Vorcaro investiu R$ 300 mi em SAF do Atlético-MG com fundo suspeito de ligação com PCC
Preso em operação da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira, 18, sob suspeitas de crimes envolvendo a venda do Banco Master para o BRB, Daniel Vorcaro investiu aproximadamente R$ 300 milhões para comprar cerca de 27% da SAF do Atlético-MG. Segundo adiantou o colunista Rodrigo Capelo, o fundo utilizado para realizar a transação teria ligação com o PCC.
Documentos disponíveis na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostram que o Galo Forte FIP, veículo usado por Vorcaro para adquirir 26,9% da Galo Holding SA, pertencia a uma fileira de fundos – em que cada um pertence a outro, em modelo “fundo sobre fundo” idêntico ao investigado na Operação Carbono Oculto.
O fluxo do dinheiro para o aporte teve início com os fundos Olaf 95 e Hans 95, geridos pela Reag Investimentos e já alvo de buscas da PF. Não é possível identificar os cotistas, mas as estruturas seguem o padrão de fundos usados para ocultação de recursos, segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
Os valores registrados na CVM coincidem com os informados pelo Atlético-MG: Vorcaro aportou R$ 100 milhões em 2023 e mais R$ 200 milhões em 2024. O Galo Forte detém 26,9% da Galo Holding, cuja maioria pertence a Rubens e Rafael Menin, além de participações de Ricardo Guimarães e do FIGA, sem ligação com a investigação.
A estratégia de investimento repete o modelo observado em outros fundos sob suspeita: o Astralo, com patrimônio de R$ 15 bilhões oriundo do Olaf, diversifica em 35 fundos – entre eles o Galo Forte, seu único cotista. A Reag aparece como gestora em toda a cadeia.
Desde sua criação, em 2023, o Galo Forte só investe na Galo Holding SA, que controla 75% da SAF do Atlético-MG. O MP-SP aponta que tais fundos foram usados como pilar de ocultação e lavagem de dinheiro pelo crime organizado, mas não há indícios até o momento contra os demais investidores atleticanos.
À época, o Atlético informou que o Galo Forte FIP é um veículo constituído e regular perante a CVM, administrado pela Trustee Distribuidora de Títulos Mobiliários Ltda, e que não tinha conhecimento de quaisquer irregularidades.
A Reag afirmou em nota que, como prestadora dos serviços de administração, ela é apenas administradora dos fundos citados. “Adicionalmente, informamos que o negócio de prestação de serviços de administração está em negociações adiantadas para sua venda a outra empresa”, disse a gestora em nota.
Por sua vez, o Banco Master, comandado por Vorcaro, alegou não ter relação com os fundos. “O Banco Master não tem qualquer relação com os fundos Hans 95 e Olaf 95. Essas estruturas não integram o grupo e não possuem vínculo societário com o Banco ou com quaisquer de seus executivos. O fundo Galo Forte FIP é de propriedade de Daniel Vorcaro, pessoa física – informação pública e amplamente divulgada na mídia, inclusive após análise do CADE. A Reag Investimentos é prestadora de serviços, assim como ocorre com centenas de outros clientes.”

