Diretor do BC recomenda que se tenha paciência para ver juros fazerem efeito

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O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Nilton David, recomendou nesta quinta-feira, 7, que se tenha paciência para ver o juro fazer efeito. “Esse foi primeiro Copom sem alta”, disse ao se referir ao ciclo de alta da Selic e à mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a Selic nos atuais 15% ao ano.

Nilton participou, em São Paulo, de evento sobre política monetária organizado pela Porto Seguro Asset.

O diretor reconhece que houve sinais, ainda que incipientes, de alteração nas expectativas de inflação, mas ponderou que a queda da inflação implícita significa que agentes notam compromisso do BC com a meta. Mesmo porque, de acordo com ele, é unânime no Copom o desconforto com as medianas do Focus acima da meta.

“Não vamos hesitar se percebermos que a alta dos juros até aqui não foi suficiente. Existe a possibilidade de mudança nas medianas de inflação do Focus. Quando a incerteza cair, é inexorável ver pessoas revisitando projeções de inflação”, disse ele, acrescentando que a Focus alongou o prazo de Selic em 15% ao ano.

Crescimento da economia acima do potencial

O diretor de Política Monetária do Banco Central afirmou ainda que a instituição tem a convicção de que a economia cresceu acima do potencial e precisa voltar.

Nilton reiterou que o BC não vai e não deve reagir a ruídos. “A convicção é de que a política monetária está apertada e funcionando existe. Vamos passar por período de incerteza e sinais díspares por bastante mais tempo”, previu.

Fluxo negativo de crédito às famílias

O diretor de Política Monetária do Banco Central disse também que o mercado de crédito tem mostrado sinais de moderação. Essa avaliação já havia sido mencionada na última ata do Copom, publicada na terça-feira, 5.

“As famílias, hoje, já estão gastando mais dinheiro pagando os serviços da dívida e pagando os créditos do que com novos créditos. A gente chama de fluxo negativo para as famílias. Isso já foi observado no Copom anterior, e foi aumentado agora”, comentou o diretor.

Excluindo os efeitos da resolução número 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), também é possível observar um pequeno incremento na inadimplência, segundo o diretor. Todo esse comportamento está em linha com o funcionamento da política monetária no canal de crédito, afirmou.

Nilton lembrou, ainda, que o novo crédito consignado privado teve, até agora, concessões menores do que o esperado, juros maiores do que se previa e um maior faseamento nas contratações. Ele considerou que a cautela demonstrada pelo BC ao não reagir ao anúncio do programa foi acertada.

Indagado sobre o projeto que isenta do imposto de renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil por mês, o diretor respondeu que o BC só reagiria à medida quando ela estiver completamente definida. “A gente espera que as coisas sejam concretas e objetivas antes de tomar qualquer atitude”, afirmou.

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Estadão

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