Escolas de SP ganham currículo de educação digital e midiática; saiba como funciona
A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (Seduc-SP) incorporou um capítulo sobre Educação Digital e Midiática no currículo paulista. Depois de passar por consulta pública e discussões com grupos de trabalho e instituições como a União dos Dirigentes Municipais de Educação SP (Undime), o documento foi aprovado pelo Conselho Estadual de Educação no dia 19 de novembro.
O novo capítulo traz recomendações de como as escolas da rede estadual de São Paulo e dos demais municípios que utilizam o currículo paulista podem trabalhar o tema, a partir das orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Computação. Ele está ancorado em três pilares:
. no desenvolvimento do pensamento computacional focado em raciocínio lógico e resolução de problemas;
. na cultura digital para promoção do uso ético e crítico das tecnologias;
. no mundo digital que prevê desenvolver a compreensão de como a internet funciona
Luana Garcia, diretora de currículo da Seduc-SP, explica que as iniciativas voltadas à educação digital e midiática dentro das escolas precisam ganhar mais complexidade a cada etapa do ensino. “Na educação infantil sugerimos que as escolas trabalhem de forma transversal integrada às experiências das crianças, lembrando sempre que o objetivo é formar o estudante capaz de usar e pensar as tecnologias”, afirma.
Segundo Luana, a abordagem transversal também deve aparecer nas turmas dos anos iniciais do ensino fundamental, em um contexto mais lúdico, de brincadeiras e exploração. Já nos anos finais e no ensino médio, a recomendação é avançar para um aprofundamento em componentes curriculares específicos, incluindo temas de preparação para o mundo do trabalho, uma demanda que surgiu entre as 27 mil contribuições recebidas durante o período em que o capítulo esteve em consulta pública.
“Temos de preparar nosso estudante para os desafios do mundo atual para que ele consiga viver em sociedade, conectado, mas sabendo driblar fake news, por exemplo”, acrescenta Luana.
Fakes news e IA
Ter discernimento para identificar as notícias falsas foi uma das necessidades mais destacadas pelos estudantes na consulta pública. Além disso, de acordo com Luana, os alunos responderam que gostariam de saber utilizar ferramentas de inteligência artificial. A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), mostrou que 65% das crianças e adolescentes já incorporaram o uso de IA generativa em suas rotinas, incluindo auxílio nos estudos e criação de conteúdo.
Por isso, o assunto aparece com destaque no currículo, justamente por despertar interesse e curiosidade das crianças e dos adolescentes. “Se o aluno gosta do que está sendo trabalhado, está prestando mais atenção e vai ter um melhor desempenho. Teremos IA olhando para cada etapa, pensando nas habilidades que podem ser desenvolvidas dentro de cada ciclo”, afirma a diretora.
Luana ressalta que a Secretaria da Educação não vai oferecer o “componente IA” dentro do currículo, mas sim, utilizá-la como ferramenta para gerar pesquisas, relatórios e incorporar outras práticas para o ensino de história ou matemática, por exemplo. “Esse terreno ainda não é tão visual para nós. Agora precisamos pegar o que está no currículo e desenvolver as habilidades de forma mais compreensível para que o nosso professor consiga executar.”
Entretanto, para garantir que as habilidades digitais sejam desenvolvidas entre os alunos, a Secretaria Estadual da Educação afirmou que vai preparar o professor. Para isso, segundo Luana, a Secretaria vai aplicar um auto diagnóstico sobre saberes digitais para mapear o nível de proficiência de cada profissional sobre o tema. A partir dos resultados, além das trilhas formativas já disponibilizadas, haverá novos cursos e formações que capacitem os professores a aplicar o currículo.
“Estamos colocando toda a rede para pensar na educação digital e midiática, formando o nosso professor, reformulando o nosso currículo, apresentando algo mais atual para o nosso estudante para incorporar a educação digital nas nossas escolas”, finaliza Luana.

