Especialistas e órgãos oficiais analisaram conteúdos

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O Estadão Verifica, em parceria com a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), produziu uma série de checagens para desmentir rumores infundados e conscientizar os leitores sobre os impactos negativos da desinformação.

Bebidas destiladas.

É ENGANOSO

Bebidas destiladas

Circulam nas redes postagens afirmando que 30% das bebidas destiladas vendidas no Brasil são falsificadas. O dado é atribuído a um estudo publicado pela Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), mas o número que aparece lá é inferior a 5%. Um estudo encomendado pela ABBD à Euromonitor International foi publicado pela entidade em 26 de setembro deste ano. Ele indica que 28% do total de bebidas destiladas vendidas no Brasil são ilegais.

Isso não significa que todo este volume seja de bebidas falsificadas. Dentro deste porcentual há também casos de sonegação fiscal, contrabando, descaminho e produção sem registro. O crime de falsificação representa 1,1% do mercado de bebidas alcoólicas, segundo a ABBD, e 4,7% do mercado de bebidas destiladas, que é o mais atingido. “A confusão acontece porque o mercado ilegal de bebidas destiladas – que realmente tem uma expressiva participação de 28% do total do mercado – inclui todo tipo de ilicitude, como evasão fiscal, contrabando/descaminho, produção sem registro e, também, a falsificação nessa proporção bem menor”, disse, em nota, a associação que encomendou a pesquisa.

É FALSO

Leite como remédio

Passou a ser compartilhado que beber leite seria um remédio natural contra a intoxicação por metanol, o que é falso. Especialistas informaram não haver comprovação científica de que o leite possa combater qualquer intoxicação. A química Rossimiriam Freitas, presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), disse que nada presente no leite é capaz de neutralizar substâncias químicas ou biológicas que promovam intoxicação.

É FALSO

Café contaminado

Também é falso que lotes de café teriam sido contaminados com metanol. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informaram não haver nenhuma notícia de contaminação por metanol em bebidas não alcoólicas. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) disse que nunca teve registro, em 50 anos de história, de uso de metanol para adulterar café. O Ministério da Agricultura, por sua vez, afirmou que não existe utilização do metanol em nenhuma etapa da produção do café e, portanto, é impossível a possibilidade de contaminação cruzada do alimento com a substância.

É ENGANOSO

Água rosa

Circulou nas redes sociais que a água que saiu em torneiras em Itu (SP) com uma coloração rosa indicaria possível presença de metanol no reservatório da cidade. É enganoso. A água com cor rosa apareceu em razão do aumento de um produto químico usado na estação de tratamento da cidade, de acordo com informações da Companhia Ituana de Saneamento (CIS), que orientou que a água com cor alterada deveria ser descartada. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo disse que não há registros, pela Polícia Civil, de contaminação na água do abastecimento público de Itu pela substância. O metanol tem cheiro de álcool comum e é incolor.

É FALSO

‘Canudo antimetanol’

Anúncios passaram a vender canudos que prometem detectar metanol em bebidas alcoólicas adulteradas, o que é falso. Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) trabalham para desenvolver um canudo que muda de cor ao entrar em contato com o metanol, mas o processo está em andamento. O Ministério da Justiça alertou que, até o momento, não existem testes comercializados para o público que permitam detectar a presença de metanol em bebidas adulteradas. As publicações desses anúncios direcionam os usuários a sites fraudulentos para coletar dinheiro e dados pessoais, como CPF.

É FALSO

Óleo e sal

Um teste usando óleo e sal conseguiria indicar a presença de metanol na cerveja. É falso. O teste caseiro que foi compartilhado nas redes sociais não é adequado para detectar a presença de metanol em bebidas, segundo especialistas, pois não há reação química confiável com ingredientes como óleo, sal, açúcar e vinagre que possa ser observada a olho nu para identificar a substância tóxica. O engenheiro químico Camilo Morejon, membro do Conselho de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), disse que a receita com óleo e sal é falsa. “Essa prática não tem qualquer base científica e não é capaz de detectar a substância nas bebidas.” Segundo ele, esses experimentos caseiros são enganosos e perigosos. “O metanol é uma substância tóxica e a presença não pode ser identificada em testes visuais ou domésticos, como observação de separação de fases, mudança de cor ou formação de bolhas”.

É FALSO

Refrigerante

Postagens afirmam que o refrigerante da marca Coca-Cola estaria sendo adulterado com metanol. A checagem concluiu que o conteúdo é falso. O Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), informou que não recebeu nenhum alerta sobre indícios de contaminação por metanol em refrigerantes da Coca-Cola. Em nota enviada ao Estadão Verifica, a Coca-Cola classificou os vídeos como falsos. “Não existe qualquer relação entre nossos produtos e os casos mencionados, nem há nenhuma investigação em andamento sobre a companhia”, afirma o comunicado. A Anvisa afirmou não ter recebido denúncias, fundamentadas ou não, sobre contaminação por metanol em bebidas não alcoólicas.

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Estadão

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