Falas de Guillen e de Tarcísio sobre eleiões pressionam taxas nesta segunda

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Declarações conservadoras do diretor de Política Monetária do Banco Central, Diogo Guillen, em evento no início da tarde deram fôlego à alta dos juros futuros na segunda etapa do pregão desta segunda, 18. As taxas tiveram, ainda, impulso extra no final da sessão, após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ter afirmado que não se importa com sua candidatura às eleições presidenciais de 2026. Ambos discursos levaram os vértices a tocarem máximas intradia.

No Warren Day, em São Paulo, Guillen reforçou que o cenário global segue “adverso e incerto”; afirmou que a moderação do crescimento econômico está em linha com o antecipado pelo BC, que o mercado de trabalho segue dinâmico e, ainda, que a inflação persiste acima da meta. No mesmo evento, no fim do dia, Tarcísio disse que perde “zero” tempo pensando em sua candidatura ao Planalto. “Mais importante do que candidatura de centro-direita é um projeto de país”, comentou o governador.

Encerrados os negócios, a taxa do DI para janeiro de 2027 subiu de 13,913% no ajuste anterior a máxima no dia de 13,98%. O DI para janeiro de 2028 aumentou de 13,187% no ajuste a 13,29%. O DI de janeiro de 2029 avançou de 13,107% no ajuste a 13,235%. As taxas de janeiro de 2031 e de 2033 também fecharam a segunda em suas máximas intradia, de 13,53% e 13,68%, respectivamente. Nos ajustes antecedentes, estavam em 13,374% e 13,524%, pela ordem.

“Guillen invalidou todos os argumentos na direção de uma antecipação do ciclo de corte de juros”, avalia Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, para quem as afirmações do diretor do BC foram bastante conservadoras. “Ele também falou que iria ‘repetir a mensagem da ata’ do Copom, o que sugere que os últimos dados não mudam a avaliação do comitê”, diz Borsoi, referindo-se à uma rodada de indicadores que apontou moderação da atividade e levou algumas instituições a revisarem projeções de crescimento do PIB ligeiramente para baixo.

Foi o caso da Buyside Brazil, que agora espera expansão de 0,2% da economia entre o primeiro e o segundo trimestres, na comparação dessazonalizada. A previsão anterior era de alta de 0,4%. A estimativa para expansão em 2025 também foi revista, de 2,3% para 2,1%. Segundo a consultoria, a perda de fôlego da atividade nos três meses terminados em junho foi maior que o esperado.

Hoje, o BC divulgou que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) recuou 0,1% entre maio e junho, feitos os ajustes sazonais. O resultado ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de alta de 0,05%, e próximo ao piso de -0,2%. Mas o número ficou em segundo plano para os investidores, uma vez que o mercado de juros também estava em alta na primeira etapa do pregão.

Sócio da Victrix Capital, Gustavo Jesus pondera que a curva a termo mostrou volatilidade baixa e comportamento benigno nos últimos dias, ficando praticamente parada. “A abertura de hoje foi tímida”, disse. Ao mesmo tempo, a comunicação de hoje de Guillen não muda o cenário de que o próximo movimento será de flexibilização monetária, acrescenta. “Os níveis de taxa de juros estão muito altos e parte do prêmio de risco é relacionada ao quadro fiscal”.

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Estadão

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