Governo Trump considera reality show com imigrantes competindo por cidadania americana
O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos está analisando uma proposta de reality show em que imigrantes competiriam entre si pela cidadania americana.
Os desafios seriam baseados em tradições e costumes americanos, segundo Tricia McLaughlin, porta-voz do departamento. Ela disse que a proposta está na fase inicial de análise e ainda não foi avaliada pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem.
De acordo com a apresentação obtida pelo Daily Mail, que revelou a história, cada episódio do reality teria um “desafio de herança cultural”, um “desafio de eliminação”, uma “reunião em assembleia” e uma “votação final”.
Doze imigrantes participantes chegariam de barco à Ilha Ellis, em Nova York, e viajariam pelos Estados Unidos em um trem chamado “The American” – o nome proposto para o programa.
Durante o percurso, os competidores participariam de desafios considerados tipicamente americanos, como garimpar ouro em San Francisco, disputar uma prova de equilíbrio sobre toras em Wisconsin, e montar o chassi de um Ford Modelo T em Detroit, segundo o Daily Mail.
O episódio final mostraria um “vencedor” sendo oficialmente naturalizado como cidadão americano nos degraus do Capitólio, em Washington.
“A proposta, em linhas gerais, era uma celebração de ser americano e do privilégio que é poder ser cidadão dos Estados Unidos da América”, disse McLaughlin.
A série foi idealizada por Rob Worsoff, roteirista e produtor nascido no Canadá. Ele disse que teve a ideia durante o próprio processo de naturalização nos Estados Unidos.
Segundo Worsoff os desafios deveriam ser realizados em vários Estados. Um deles, poderia, por exemplo, destacar a NASA no Texas ou na Flórida, para testar qual dos imigrantes conseguiria montar e lançar um foguete primeiro.
“Precisamos de uma conversa nacional sobre o que significa ser americano”, ele disse. “Precisamos ser lembrados do orgulho e da honra que é ser americano.”
Worsoff afirmou ainda que ninguém seria penalizado em seu processo de imigração ou deportado como resultado da participação no programa. “Acho que isso é besteira”, disse sobre a ideia de que haveria penalidades.
“O que vai acontecer é que vamos conhecer essas pessoas, suas histórias e suas jornadas, e estaremos celebrando elas como seres humanos”, afirmou. “Estamos dando um rosto a essas pessoas, às suas trajetórias.”
Em entrevista ao Wall Street Journal, o roteirista também negou que o programa fosse equivalente aos “Jogos Vorazes” para imigrantes, referindo-se ao romance distópico de Suzanne Collins, em que os participantes lutam até a morte para sobreviver. “Não é, ‘Ei, se você perder, vamos te mandar embora de navio para fora do país’.”
Ainda segundo Rob Worsoff, os detalhes do que aconteceria no programa dependem do interesse das redes de televisão e do que o Departamento de Segurança Interna (DHS na sigla em inglês) estaria disposto a fazer.
Sob a liderança de Kristi Noem, a agência tem adotado estratégias voltadas para publicidade e formatos semelhantes ao da TV para divulgar as medidas mais rígidas do governo Donald Trump contra imigração.
No primeiro governo do republicano, o departamento havia colaborado com cineastas na produção de conteúdos. Em 2017, o DHS permitiu que cineastas tivessem acesso a operações do serviço de Imigração e Alfândega (ICE) para o programa chamado “Immigration Nation”. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)