IMD: Brasil sobe quatro posições em ranking de competitividade digital
O Brasil subiu quatro posições e passou a ocupar o 53º lugar no ranking de competitividade digital. O levantamento, que mede a capacidade de adoção de novas tecnologias, é feito anualmente pela escola de negócios suíça IMD (Institute for Management Development), tendo na liderança a própria Suíça. Na sequência, Estados Unidos e Cingapura aparecem no topo.
Após estagnar nos rankings de 2023 e 2024, o Brasil evoluiu na produção de publicações de pesquisas – quesito onde o País mostra sua melhor colocação (9º lugar) – e nos investimentos privados em inteligência artificial. Também são destaques positivos a adoção de robôs em educação e pesquisa e desenvolvimento, bem como o uso de serviços públicos online pela população. Com isso, o Brasil ultrapassou África do Sul, Eslováquia, Bulgária e Turquia, nações que estavam à sua frente no ranking do ano passado.
Por outro lado, o País ainda aparece dentre as últimas posições na integração entre universidades, empresas e setor público, no financiamento da inovação, na atração de profissionais estrangeiros altamente qualificados e no intercâmbio de conhecimento com o exterior.
Na avaliação de pesquisadores da Fundação Dom Cabral (FDC), parceira do IMD no ranking, os resultados demonstram uma recuperação gradual da competitividade digital brasileira, com destaque aos avanços em produção científica e na adoção de novas tecnologias. Mas também reforçam a necessidade de o Brasil enfrentar desafios estruturais à sua competitividade. Nesse sentido, defendem os pesquisadores, uma maior coordenação entre poder público, iniciativa privada e instituições de ensino pode promover um ambiente mais inovador e produtivo.
Além disso, é apontada como “imprescindível” uma revisão profunda das políticas educacionais e profissionais, privilegiando o treinamento técnico especializado, junto com o investimento estratégico em pesquisa e desenvolvimento.
Diretor do núcleo de inovação, IA e tecnologias digitais da FDC, Hugo Tadeu observou na apresentação do estudo à imprensa que os investimentos em tecnologia também são afetados por desafios econômicos e pelo alto custo de financiamento. “É óbvio que juros acima de 15% são um desafio para as empresas brasileiras e estrangeiras na expansão e acesso das tecnologias”, comentou Tadeu.
Ao explorar o problema da falta de mão de obra qualificada, o especialista ressaltou que a formação de mestres e doutores no Brasil se dá, em sua maioria, em áreas das ciências sociais, quando o País precisa formar mais em engenharia e ciências da computação. “O menor porcentual está na formação em áreas técnicas, ao contrário do que acontece cada vez mais no mundo”, comentou. Para piorar, complementou Tadeu, muitos engenheiros formados no Brasil não possuem habilidades de programação esperadas pelo mercado.
Os países que lideram o ranking mundial de competitividade digital se destacam pela combinação de estabilidade institucional com investimentos contínuos em ciência e políticas de incentivo à formação de talentos. O ranking é elaborado a partir de dados estatísticos internacionais e de entrevistas com executivos. No Brasil, a FDC coletou respostas de mais de 100 executivos de diferentes setores, regiões e portes de empresas, assegurando representatividade nacional.
Dada a inclusão de Quênia, Omã e Namíbia, o levantamento chegou na edição deste ano a 69 economias, com a Venezuela na última colocação. Apesar da melhora, o Brasil está entre os 17 países menos competitivos na adoção de novas tecnologias. O Chile, na 43ª colocação, é o mais bem posicionado na América do Sul.

  