Louvre é roubado à luz do dia
Ladrões levaram joias de valor “incalculável” em um ousado roubo à luz do dia neste domingo, 19, no Museu do Louvre, em Paris. Segundo o ministro do Interior da França, Laurent Nuñez, o assalto ocorreu por volta das 9h30, pouco após a abertura.
Em entrevista à rádio France Inter, o ministro disse que os ladrões usaram um elevador de caminhão – normalmente utilizado para mover móveis para dentro de apartamentos parisienses pelas janelas – para invadir a Galeria de Apolo, uma ala no segundo andar do museu. O salão dourado da Galeria de Apolo abriga a coleção real de joias e os diamantes da coroa francesa, incluindo O Regente, O Sancy e o Hortênsia.
Os ladrões arrombaram duas vitrines e roubaram oito objetos preciosos antes de fugir em scooters com o saque. A ação toda levou apenas sete minutos, segundo Nuñez.
Entre as joias estavam: um conjunto de colar e brincos de safira; um conjunto de colar e brincos de esmeralda; e uma coroa incrustada de esmeraldas e diamantes usada pela imperatriz Eugênia, mulher de Napoleão III, que governou a França de 1848 a 1870, de acordo com um comunicado do Ministério da Cultura da França.
“É um grande roubo”, disse Nuñez, acrescentando que os investigadores acreditam que três ou quatro ladrões tenham participado da ação. Segundo as autoridades, o roubo tem as marcas de uma equipe experiente de criminosos, dado o nível de precisão e a velocidade.
A procuradora de Paris, Laure Beccuau, disse à emissora BFM TV que as buscas se concentram em um grupo de quatro pessoas.
Os assaltantes teriam acessado o prédio pelo cais do Sena, área onde há obras em andamento, e usado o elevador de carga para chegar diretamente à galeria. Segundo informações do jornal Le Parisien, os criminosos quebraram vitrines usando pequenas motosserras, levaram as joias e fugiram em direção à rodovia A6.
Na pressa de escapar, os ladrões deixaram cair a coroa da imperatriz Eugênia, que, segundo o site do Louvre, possui 1.354 diamantes e 56 esmeraldas. Ela foi recuperada com alguns danos.
Movimentação
De acordo com o Ministério da Cultura francês, cinco funcionários do museu estavam na Galeria de Apolo no momento da invasão e acionaram os alarmes de segurança. Eles seguiram o protocolo do museu: contataram a polícia e “priorizaram a proteção das pessoas”.
Visitantes já estavam no prédio havia 30 minutos naquele momento. Alguns entraram em pânico, temendo um ataque terrorista ou um incêndio, disse ao The New York Times Joseph Sanchez, um turista de Porto Rico que estava na fila com parentes esperando para ver a Mona Lisa de Leonardo da Vinci quando os seguranças começaram a gritar para que as pessoas saíssem da sala.
Os visitantes foram mantidos no saguão do museu por mais de uma hora antes de serem retirados com calma, disse Sanchez. A ministra da Cultura da França, Rachida Dati, afirmou que ninguém ficou ferido durante o roubo.
O museu foi fechado “como medida de segurança” e permaneceu assim ao longo do dia “para preservar vestígios e pistas para a investigação”, segundo um comunicado emitido pelo Louvre.
Integrantes da polícia e do Exército foram ao local. As autoridades informaram que os investigadores estavam analisando provas, incluindo objetos abandonados pelos ladrões e imagens das câmeras de segurança.
A Procuradoria de Paris informou que abriu uma investigação e que “a extensão das perdas está sendo avaliada”.
Antigo palácio real, o Louvre é o maior museu do mundo. Seu vasto conjunto de alas e pátios abriga mais de 33 mil obras de arte, incluindo muitas esculturas, pinturas e antiguidades.
Até 30 mil pessoas de todo o mundo visitam o museu diariamente – o número é tão alto que o presidente Emmanuel Macron anunciou, no início deste ano, que será construída uma nova sala com entrada própria dedicada exclusivamente à Mona Lisa.
Outros roubos
Os museus franceses têm sido alvo de uma série de roubos recentemente. Na semana passada, quatro homens foram presos após o Museu Jacques Chirac, na cidade de Corrèze, ter sido assaltado por indivíduos armados usando balaclavas. Menos de 48 horas depois, o museu foi assaltado novamente, segundo a imprensa francesa.
Em setembro, ladrões roubaram pepitas de ouro bruto no valor de cerca de US$ 700 mil do Museu Nacional de História Natural, a poucos quarteirões do Museu do Louvre.
No mesmo mês, dois pratos de porcelana e um vaso, avaliados em cerca de € 9,5 milhões (aproximadamente R$ 59,7 milhões), foram levados do Museu Adrien Dubouché, na cidade de Limoges.
Arthur Brand, de 56 anos, especialista holandês em crimes de arte, disse em entrevista por telefone ao NYT que não ficou surpreso com o roubo no Louvre, dado o padrão recente. Mas invadir o museu mais importante da França e levar joias, segundo ele, “é o roubo de arte definitivo, parece cena de filme”.
Grandes assaltos
O Louvre já foi alvo de diversos assaltos notórios. No verão de 1911, um funcionário do museu roubou a Mona Lisa. O funcionário, Vincenzo Peruggia, foi preso dois anos depois ao tentar vender o quadro, e a pintura foi devolvida ao museu.
Em 1976, três ladrões invadiram o Louvre ao amanhecer – escalando um andaime metálico e quebrando janelas no segundo andar – e roubaram uma espada do século 19 com diamantes pertencente ao rei Carlos X da França.
Em 1990, uma pintura de Pierre Auguste Renoir, chamada Retrato de uma Mulher Sentada, foi cortada da moldura e roubada de uma galeria no terceiro andar.
Nuñez admitiu que há uma “grande vulnerabilidade nos museus franceses” e afirmou que as autoridades estão analisando vídeos, comparando o caso com outros roubos semelhantes e tentando fechar brechas de segurança.
“Tudo está sendo feito para que possamos encontrar os autores o mais rápido possível e estou otimista”, declarou.
Pelo mundo
Museus em outros países europeus também têm sido alvos de roubos nos últimos anos.
Em 2019, ladrões invadiram o museu do Palácio Real em Dresden, na Alemanha, e roubaram joias no valor de mais de € 100 milhões (cerca de R$ 629 milhões). A maior parte do saque foi posteriormente recuperada dentro de um acordo judicial.
Nuñez afirmou no domingo que a segurança no Louvre aumentou nos últimos anos e será reforçada ainda mais com os planos vigentes para reforma do museu.
*Com agências internacionais
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.