Louvre priorizou aquisições de obras em vez de investir na segurança, diz Tribunal francês
Um relatório elaborado pelo Tribunal de Contas da França afirma que a gestão do Louvre entre 2018 e 2024 optou priorizou operações de grande visibilidade e atraentes” em vez de investir em segurança. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 6, semanas após uma série de falhas e problemas de segurança serem revelados com o roubo das joias da Coroa. Os ladrões usaram um caminhão com cesta elevatória para alcançar uma janela da Galeria Apollo e fugiram com o tesouro em questão de minutos.
De acordo com o Tribunal, os investimentos eram “indispensáveis para garantir o funcionamento perene da instituição”, alertam os membros do tribunal.
“O roubo das joias da Coroa é, sem dúvida, um sinal de alerta ensurdecedor sobre o ritmo muito insuficiente de renovação dos equipamentos de segurança do museu”, afirmou nesta quinta-feira o presidente do Tribunal de Contas, Pierre Moscovici.
Entre 2018 e 2024, o Louvre “mobilizou 26,7 milhões de euros (164 milhões de reais na cotação atual) para a realização de obras de manutenção e adequação às normas e 59,5 milhões de euros (367 milhões de reais) para obras de restauração do palácio enquanto monumento histórico”, contra “105,4 milhões de euros (648 milhões de reais) de seus próprios recursos para a aquisição de obras e 63,5 milhões de euros (391 milhões de reais) destinados à reforma das instalações museográficas”, detalha o documento.
O tribunal aponta “um atraso considerável no ritmo dos investimentos” diante de uma “degradação acelerada” do museu, que recebeu nove milhões de visitantes em 2024, 80% deles estrangeiros.
Em sua resposta ao relatório, a ministra da Cultura, Rachida Dati, afirmou compartilhar a constatação sobre “a urgência das obras a nível técnico”. Contudo, ela disse que não compartilha “integralmente” o parecer sobre a política de aquisições do museu, uma iniciativa que contribui para o “enriquecimento das coleções nacionais”.
A direção do Louvre afirmou que aceita “a maioria das recomendações” formuladas pelo Tribunal de Contas, mas considera que a análise “ignora” várias de suas ações no âmbito da segurança.
“A gestão do maior e mais visitado museu do mundo só pode ser objeto de um julgamento equilibrado se for baseada no longo prazo”, destacou a direção do Louvre, que também lamentou que o documento detalhe com precisão o número de câmeras de segurança em suas salas.
A presidente do museu, Laurence des Cars, admitiu poucos dias após o roubo que o sistema externo de segurança por vídeo é “muito insuficiente”.
O Tribunal de Contas também revisou o grande projeto de reforma do museu, apresentado em janeiro pelo presidente francês Emmanuel Macron: do valor inicial de entre 700 e 800 milhões de euros (800 e 920 milhões de dólares, 4,32 bilhões e 4,94 bilhões de reais) para 1,15 bilhão de euros (1,3 bilhão de dólares, 7,1 bilhões de reais).
Segundo o tribunal, o valor continua sendo “baixo” ao considerar as necessidades de reforma do estabelecimento. O conselho de administração do Louvre deve se reunir em “caráter de urgência” na sexta-feira.
Quatro suspeitos pelo roubo no Louvre foram presos na semana passada. Três deles são apontados como membros da equipe que foi filmada usando um elevador de cesta para alcançar a janela do museu. Eles vão responder por roubo, organização criminosa e conspiração. As joias ainda não foram recuperadas. *COM INFORMAÇÕES DE AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

