Lula defende lucro de petróleo para transição energética e uso do etanol como matriz limpa

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Depois de apoiar o início das pesquisas de exploração de petróleo na Margem Equatorial da Foz do Amazonas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta sexta-feira, 6, direcionar parte dos lucros do setor de petróleo para a transição energética. Mencionou, inclusive, a criação de um fundo para isso. Em discurso na abertura do 2º dia da Cúpula de Líderes, em Belém, Lula falou sobre a importância de ampliar as fontes renováveis e citou o etanol como exemplo.

“Direcionar parte dos lucros com exploração de petróleo para transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento”, disse o presidente, em evento que antecede a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-30) em Belém. “O Brasil estabelecerá um Fundo dessa natureza para financiar o enfrentamento da mudança do clima e promover justiça climática.”

O governo vem adotando o discurso de que o dinheiro do petróleo é chave para a transição energética – o que é criticado por organizações civis. No discurso, Lula fez uma ponderação de que esse processo precisa ser gradual. “Já sabemos que não é preciso desligar as máquinas ou motores, nem fechar fábricas ao redor do mundo de um dia para o outro. A ciência e a tecnologia nos permite evoluir de forma segura para um modelo centrado nas energias limpas. Essa transformação já está em curso”, afirmou. O presidente destacou

Ambientalistas criticam a licença para a exploração de petróleo na Margem Equatorial diante dos riscos de vazamento no oceano e da liberação de mais gases de efeito estufa na atmosfera. O governo afirma que há segurança técnica na atividade, apontada como importante para o combate às desigualdades na região.

Lula também defendeu o uso do etanol como fonte de energia “limpa”. “Nossa gasolina tem 30% de etanol em sua composição. Nosso diesel, conta com 15% de biodiesel. O etanol é uma alternativa eficaz e imediatamente disponível para adoção dos setores mais desafiadores, como indústria e transporte. É lamentável que pressões e ameaças tenham levado a adiar esse passo.” O presidente

O Brasil é uma das grandes potências globais na produção de biocombustíveis, vistos com ressalvas sobretudo na Europa. O governo Lula reforçará, durante a COP-30, que é preciso aumentar a produção de etanol para garantir a redução das emissões – uma pauta defendida pelo agronegócio brasileiro. No continente europeu, porém, a leitura é de que a produção de matéria-prima para combustível ocupa o espaço em terras que poderiam cultivar alimentos.

Lula defendeu ainda que o processo rumo ao fim do uso de combustíveis fósseis demanda financiamento e citou que a troca de dívidas dos países em desenvolvimento pode ser um mecanismo, de forma a liberar recursos para a transição verde. “Um processo justo, ordenado, equitativo de afastamento dos combustíveis fósseis demanda acesso de tecnologia de financiamento para os países do Sul Global. Há espaço para explorar mecanismos inovadores, de troca de dívida por financiamento de iniciativa de mitigação climática e transição energética”, disse.

O presidente disse ainda ser preciso triplicar a energia renovável no mundo e de dobrar a eficiência energética até 2030. Destacou que é necessário eliminar a pobreza energética e criar metas de acesso universal à eletricidade nos planos climáticos nacionais.

Ainda que defenda a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, o presidente criticou os fatos de os 65 maiores bancos do mundo terem concedido US$ 869 bilhões para o setor de óleo e gás e mencionou que, desde o Acordo de Paris, a participação de combustíveis fósseis como fonte energética em todo o mundo diminuiu apenas de 83% para 80%. “Os incentivos financeiros muitas vezes vão no sentido contrário ao da sustentabilidade.”

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Estadão

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