Marisa Lojas reverte prejuízo e lucra R$ 2,1 milhões no 2º trimestre
A Marisa Lojas registrou lucro líquido de R$ 2,1 milhões no segundo trimestre deste ano e reverteu o prejuízo de R$ 102 milhões reportado em igual período de 2024. Segundo a companhia, este é o terceiro trimestre consecutivo de lucro líquido.
Para o presidente da Marisa, Edson Garcia, 2024 foi o ano da “reestruturação”, 2025 está sendo o da “estabilização” e 2026 deverá marcar a “rentabilização”. Com um aumento anual de 38,1% no volume de peças vendidas, a Marisa alcançou receita líquida de R$ 394,5 milhões, crescimento de 22,9% em relação ao segundo trimestre do ano passado.
Por outro lado, vale destacar que a dívida líquida da Marisa cresceu 346,6%, passando de R$ 29,6 milhões para R$ 132,4 milhões. Esse aumento, ainda de acordo com a companhia, ocorreu diante da alta de 16,4% no endividamento e a retração de 88,4% no caixa disponível. Esse último indicador caiu de R$ 93 milhões no segundo trimestre de 2024 para R$ 10 milhões neste segundo trimestre.
“Os pagamentos das compras realizadas no final de 2024 são liquidados dentro do segundo trimestre de 2025, motivo pelo qual houve maior consumo de recursos financeiros neste trimestre”, disse a companhia.
Provisão
A auditoria independente apontou ressalva nas demonstrações contábeis da Marisa devido à ausência de provisão para contingências na controlada indireta M Serviços (ex-M Cartões). A empresa responde a processos fiscais referentes a 2011, 2012 e 2015, com alegação de omissão de receita tributável.
Embora a administração classifique a perda como possível, os auditores consideram-na provável após decisões desfavoráveis recebidas em 2022 e 2023, o que exigiria provisão de R$ 200,982 milhões. Sem o ajuste, segundo a auditoria, o patrimônio líquido está superavaliado nesse montante e o lucro líquido do semestre, em R$ 5,346 milhões, enquanto no consolidado o passivo está subavaliado em igual valor.
Além da ressalva sobre a ausência de provisão, a auditoria destacou que a companhia e suas controladas apresentam capital circulante líquido negativo de R$ 459,85 milhões na controladora e R$ 420,38 milhões no consolidado, além de histórico de prejuízos recorrentes.
Segundo a administração, estão em andamento ações para reequilibrar as finanças, mas esses fatores indicam incerteza relevante quanto à continuidade operacional.
Vendas
As vendas nas mesmas lojas (SSS) da Marisa cresceram 23,3%, com destaque para a categoria infantil, que dobrou de tamanho na comparação anual, e para os itens core das linhas feminina e íntima. “O setor infantil cresceu mais de 116% e foi um dos protagonistas do trimestre, ao lado de campanhas como Dia das Mães, Namorados, Inverno e São João”, disse Garcia, em entrevista ao Broadcast.
O resultado foi impulsionado, segundo o presidente, por uma coleção de inverno “assertiva”, tanto na linha nacional quanto na importada, beneficiada também por um frio mais intenso neste ano. “Entre as varejistas têxteis que já divulgaram resultados, tivemos o maior crescimento de vendas brutas, o que nos dá muita segurança na estratégia que estamos implementando”, disse.
A margem bruta atingiu 54,2% no trimestre, alta de 4,9 pontos porcentuais, refletindo o mix de produtos e a ampliação da base de fornecedores, que trouxe ganhos de preço e qualidade. O lucro bruto cresceu 35,1% na comparação anual, para R$ 213,7 milhões.
O Ebitda da Marisa somou R$ 111,2 milhões, revertendo o resultado negativo de R$ 2,9 milhões do segundo trimestre de 2024. A margem Ebitda fechou em 28,2%, beneficiada pelo avanço do lucro bruto e pela redução de 10,3 pontos porcentuais nas despesas sobre a receita líquida.
“Quando se combina venda forte, margem elevada e despesas ajustadas, o impacto no Ebitda é direto. Melhoramos R$ 114 milhões nessa linha em um ano”, disse o executivo.
O número de clientes recorrentes aumentou 31,2%, enquanto o volume de novos clientes subiu 79,5% sobre igual período de 2024. No cartão Marisa, a base ativa teve alta de mais de 70% sobre 2024, com tíquete médio cerca de duas vezes maior que o de outros meios de pagamento.
Os investimentos (capex) totalizaram R$ 4,9 milhões no segundo trimestre deste ano, alta de 219,6% frente ao segundo trimestre de 2024, com foco nas operações de loja e em tecnologia. Por outro lado, as despesas com vendas, gerais e administrativas retraíram 3% na comparação anual, enquanto o índice de alavancagem operacional da Marisa encerrou junho em 0,4 vez.