Pênalti em São Paulo x Palmeiras? Como ex-árbitros analisaram os lances do clássico

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A atuação da arbitragem no clássico São Paulo x Palmeiras nesse domingo, 5, pelo Campeonato Brasileiro, foi avaliada negativamente por ex-árbitros. Liderada por Ramon Abatti Abel (Fifa-RS), o quadro deixou de assinalar uma penalidade a favor da equipe tricolor quando a partida ainda estava 2 a 0 a favor dos mandantes e não entendeu que Andreas Pereira deveria receber o cartão vermelho, já no segundo tempo, depois de entrada faltosa em Marcos Antônio.

Consultado pela reportagem do Estadão, Arnaldo Cezar Coelho, ex-comentarista de arbitragem da TV Globo e árbitro da final da Copa do Mundo de 1982, entendeu que houve erro nos dois lances em questão. Também relembrou de uma conversa que teve com o ex-bandeirinha Esteban Marino, ainda no início de sua carreira, aos 22 anos.

“Ele ficou marcado por expulsar o Garrincha na Copa do Mundo de 1962. Uma vez, nos disse que os árbitros deixavam de assinalar um pênalti claro quando a partida estava 2 a 0, para não ‘acabar com a partida’ e impedir uma virada”, disse. No clássico desse domingo, o Palmeiras conseguiu marcar três gols e virar sobre o São Paulo. O resultado assegurou a ponta da tabela à equipe de Abel Ferreira.

Arnaldo também teceu críticas à Comissão de Arbitragem da CBF, presidida por Rodrigo Cintra, e ao Comitê Consultivo de Especialista Internacionais (CCEI), que analisa os lances de cada rodada do Brasileirão. “Entra ano, sai ano, os erros continuam. O problema é de estrutura. Profissionalismo e VAR não mudam nada. Tem problemas em todas as áreas”, pontua. “Quem está à frente da estrutura? Os árbitros respeitam? Ela é falida.”

O CCEI é liderado pelos ex-árbitros Fifa Néstor Pitana, da Argentina, Nicola Rizzoli, da Itália, e Sandro Meira Ricci, do Brasil. Além de Arnaldo, Carlos Eugênio Simon, comentarista dos canais ESPN e ex-árbitro de Copa do Mundo, também entende que houve um erro de interpretação no clássico pelo Campeonato Brasileiro.

“Teve um pênalti não marcado para a equipe do São Paulo. Allan escorrega e acaba acertando o Tapia, derrubando o jogador do São Paulo dentro da grande área. O árbitro não marcou, o VAR não interveio. Errou a arbitragem”, afirmou, em vídeo publicado em seu Instagram.

Comentarista de arbitragem da TV Globo, Paulo Cezar de Oliveira também considerou que o erro no lance entre Allan e Tapia foi claro. “Ele não tem a intenção, mas a regra não fala em intenção, mas em imprudência. Também há um impacto muito grande, porque o Tapia estava correndo em direção à bola. Foi um pênalti muito claro, que foi sonegado em campo, mas o VAR, com base nas imagens, deveria ter recomendado a revisão. O pênalti foi muito claro, um erro muito grande da arbitragem”, disse.

Em artigo, Manoel Serapião Filho, autor do projeto do VAR e ex-árbitro da CBF, entende que as dúvidas quanto à análise da arbitragem seriam sanadas com os áudios da cabine do árbitro de vídeo. “Desejamos ouvir o áudio do VAR, para saber se a interpretação dada ao lance pelo árbitro e pelo VAR seguiu os termos da regra: queda por acidente e, portanto, sem falta, ou se a não recomendação de revisão foi por qualquer outro motivo, hipótese em que a falta seria indiscutível”, analisou.

A tendência é que os áudios, no entanto, não sejam publicados pela CBF. O protocolo do VAR prevê que vá a público apenas os lances em que o árbitro em campo precise ir ao monitor do VAR durante a partida. Ainda nesse domingo, Julio Casares, presidente do São Paulo, conversou por cerca de 20 minutos com Samir Xaud, por telefone, quanto à atuação da arbitragem.

Todos os árbitros envolvidos na partida foram afastados pela entidade. A CBF informou a decisão em comunicado publicado ao final das partidas. Eles serão submetidos a “treinamento, aprimoramento e avaliação interna” após a atuação no duelo no MorumBis.

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Estadão

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