PM que baleou Leandro Lo pede perdão à família do lutador: ‘Tive que sujar minhas mãos’
Absolvido pelo Tribunal do Júri na última sexta-feira, 14, o policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, acusado de matar o campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo em agosto de 2022, gravou um vídeo pedindo desculpas para a família e para os amigos do atleta.
Velozo foi absolvido depois que o júri acolheu a tese de seus advogados de que ele agiu em legítima defesa. O pedido de perdão foi feito por Velozo em um vídeo gravado e enviado pela defesa do PM ao Estadão nesta segunda-feira, 17.
“Eu vim aqui para pedir perdão. Eu tive três anos e três meses encarcerado e hoje eu posso dizer que tive uma experiência única. Eu tive um encontro genuíno com um Deus forte, um Deus poderoso que eu já conhecia, mas que hoje eu posso falar com toda certeza e convicção: Ele é comigo e está com a minha vida”, diz Velozo.
“Em nome dele, eu preciso fazer um pedido, que é um pedido de perdão: um pedido de perdão aos familiares, à mãe, ao pai, à irmã, aos amigos, e a todas as pessoas que amavam Leandro Lo”, acrescenta.
Ainda na mensagem, Henrique Velozo relembra o dia em que atirou contra o lutador de jiu-jitsu, após um desentendimento entre os dois durante um show de pagode no Clube Sírio, na zona sul de São Paulo. O agente afirmou que teve de “sujar as mãos” para se salvar.
“Mas também gostaria de esclarecer que, nesse dia, nesse trágico dia, fui colocado em um limite, um limite em que eu não gostaria de estar e onde eu tive que, infelizmente, sujar as minhas mãos para poder preservar a minha vida”, disse.
Depois de ser absolvido, o PM foi solto no último sábado, 15. No mesmo dia, a mãe de Leandro Lo usou as redes sociais para lamentar a decisão da Justiça e afirmou estar enterrando o filho pela segunda vez. “É uma tristeza muito grande”, disse.
Velozo foi acusado de matar Leandro Lo com um tiro na cabeça. Na reconstituição do crime, testemunhas contaram que o policial militar foi imobilizado pelo lutador durante uma discussão, mas atirou contra o atleta assim que foi solto e depois fugiu. A defesa sempre alegou que o policial agiu em legítima defesa.
O agente chegou a ser preso no Presídio Militar Romão Gomes e excluído da PM após decisão do Tribunal de Justiça Militar (TJM). Na Justiça comum, o Ministério Público o denunciou por homicídio triplamente qualificado, ao considerar que o crime foi praticado por motivo torpe, com emprego de meio insidioso ou cruel e traição ou emboscada. A denúncia foi aceita e Velozo se tornou réu.
Em setembro deste ano, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) oficializou a demissão de Velozo da PM em publicação no Diário Oficial. Em outubro, porém, a Justiça de São Paulo, por meio de uma decisão liminar assinada pelo desembargador Ricardo Dip, suspendeu o decreto de Tarcísio e reintegrou Velozo aos quadros da Polícia Militar, embora ele tenha continuado sob custódia até o último sábado.

