Quem foi Dick Cheney e por que era considerado o ‘arquiteto’ da Guerra ao Terror
Dick Cheney, considerado o vice-presidente mais poderoso da história dos Estados Unidos, morreu na noite de segunda-feira, 3, aos 84 anos. A família dele informou, em um comunicado, que Cheney faleceu devido a complicações de pneumonia e problemas cardíacos e vasculares.
Nascido na cidade de Lincoln, em Nebrasca, ele era filho de um agente de conservação do solo do Departamento de Agricultura e mudou-se com a família para Casper, em Wyoming – um dos Estados mais republicanos dos EUA – aos 13 anos.
Em 1968, a política levou Cheney a Washington pela primeira vez, onde atuou como assessor de um congressista republicano. Antes de ingressar no governo de George W. B. Bush, ele também foi chefe de gabinete da Casa Branca e congressista por Wyoming por cinco mandatos.
No fim dos anos 1980, Cheney tornou-se secretário de Defesa no governo de George W. B. Bush e liderou o Pentágono durante a Guerra do Golfo Pérsico, entre 1990 e 1991, que expulsou as tropas do Iraque do Kuwait.
‘Arquiteto’ da guerra ao terror
Cheney foi o vice-presidente durante o mandato do filho de George W. B. Bush, George W. Bush, entre 2001 e 2009. Ele era visto como o “diretor de operações” da gestão e teve participação, muitas vezes decisiva, na implementação de decisões importantíssimas para o presidente.
No início do primeiro mandato de Bush, muitos democratas e até mesmo alguns colegas republicanos se perguntavam se Cheney não era o verdadeiro mandatário em uma Casa Branca ocupada por um presidente sem experiência cujas qualificações haviam sido questionadas.
Poucos meses depois de assumir o cargo, Cheney viu os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 marcarem a história do país. Ele transformou o cargo de número 2 dos EUA em uma rede de canais ocultos dos quais influenciava a política sobre o Iraque, terrorismo, poderes presidenciais, energia e outros pilares de uma agenda conservadora.
Cheney é apontado como o “arquiteto” da Guerra ao Terror, que começou logo após o 11 de setembro. Ele foi uma voz dominante por trás da decisão de Bush de invadir o Iraque em 2003 e, em seguida, justificar a guerra.
O então vice-presidente alegava que o líder do Iraque, Saddam Hussein, tinha ligações com terroristas da Al-Qaeda que haviam planejado os ataques terroristas e que o país tinha armas de destruição em massa, o que ameaçaria os EUA e seus aliados.
O que começou como uma operação de combate de um mês no Iraque deu lugar a uma ocupação de quase nove anos, uma luta contra insurgentes iraquianos e uma guerra que deixou quase 4,5 mil americanos mortos e custou mais de US$ 2 trilhões, de acordo com algumas estimativas.
Apesar de não terem sido encontradas evidências de colaboração entre o Iraque e a Al-Qaeda, os admiradores de Cheney consideravam que ele manteve a fé em um momento instável, resoluto mesmo quando a nação se voltou contra a guerra e os líderes que a conduziam.
Problemas cardíacos e oposição a Trump
Cheney enfrentou problemas cardíacos durante a maior parte de sua vida adulta: ele sofreu cinco ataques cardíacos entre 1978 e 2010, usava um dispositivo para regular os batimentos cardíacos desde 2001 e, em 2012, três anos após se aposentar, passou por um transplante de coração.
Mas, mesmo aposentado, ele não deixou de ser relevante na política americana. Cheney foi alvo de críticas de Donald Trump, principalmente depois que sua filha mais velha, Liz Cheney, se tornou a principal opositora do presidente dentro do Partido Republicano.
Liz participou do comitê que investigou os ataques ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021. “Em nossos 246 anos de história nacional, nunca houve um indivíduo que fosse uma ameaça maior à nossa república do que Donald Trump”, disse Cheney em um anúncio de televisão para sua filha. “Ele tentou roubar a última eleição usando mentiras e violência para se manter no poder depois que os eleitores o rejeitaram. Ele é um covarde.”
Em uma reviravolta que os democratas de sua época jamais poderiam ter imaginado, Cheney disse no ano passado que votaria na então candidata do Partido Democrata, Kamala Harris, para presidente contra Trump.
*Com informações das Agências Internacionais.

