Racing e Estudiantes brigam pelo Clausura, com premiação menor que a do Coritiba na Série B

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Racing e Estudiantes disputam neste sábado, às 21h (de Brasília), no Estádio Unico Madre De Ciudades, em Santiago del Estero, a final do Torneio Clausura do Campeonato Argentino. A briga pelo título é também uma corrida atrás da premiação de US$ 500 mil (R$ 2,7 milhões).

O valor contrasta com o que recebem os campeões no Brasil. O Coritiba, vencedor da Série B deste ano, por exemplo, faturou R$ 5,5 milhões, quantia 103% maior do que receberá o campeão do Clausura.

O “segundo turno” argentino paga o mesmo que o Apertura, vencido pelo Platense. O prêmio é maior do que os 365,5 milhões de pesos argentinos (R$ 1,3 milhões) faturados pelo Independiente Rivadavia, campeão da Copa Argentina.

A Conmebol até tem participação nas premiações, mas a Associação de Futebol Argentina (AFA) é quem poderia inflar as quantias. Por isso o Lanús pôde comemorar mais que um título quando conquistou a Sul-Americana contra o Atlético-MG. O prêmio foi de US$ 6,5 milhões (R$ 35 milhões).

Isso é pouco menos que a metade do que receberá o campeão da Copa do Brasil (R$ 78 milhões, na final). O Brasileirão deste ano ainda não teve os valores divulgados. Tomando como referência 2024, o torneio pagou ao Botafogo, então campeão, R$ 50 milhões. Até mesmo o 16º do Brasileirão, último clube não rebaixado, recebe mais que o campeão argentino (R$ 17 milhões).

Essa diferença entre Brasil e Argentina se evidencia quando as equipes disputam a mesma competição. Ainda que Lanús tenha superado o Atlético-MG, isso não é visto na Libertadores, que tem domínio de clubes do Brasil como campeões e finalistas.

“Esse cenário combina o declínio econômico do futebol argentino, que não se modernizou em termos de estratégia financeira, captação de recursos, comercialização de direitos e estruturação dos clubes; e a ascensão de vários clubes brasileiros, impulsionada por mais público nos estádios, maior venda de patrocínios e melhor negociação dos direitos”, avalia Guilherme Bellintani, ex-presidente do Bahia e CEO da Squadra Sports, primeira plataforma de multiclubes no Brasil.

“No futebol nada é definitivo, mas há uma tendência de que os grandes clubes do Brasil, bem organizados e financeiramente estruturados, sigam ampliando esse domínio nos próximos anos. A grande diferença no futebol brasileiro não está entre SAFs e clubes associativos, mas entre instituições bem geridas e mal geridas”, completmenta.

O cenário além do futebol também tem seus reflexos no esporte. É o que aponta o diretor da Roc Nation Sports no Brasil, Thiago Freitas. “A irresponsabilidade, o paternalismo e a demagogia marcaram a política e os governos argentinos nas últimas décadas e destruíram a economia do país. Naturalmente, como todas as outras indústrias, a do futebol foi afetada por isso”, comenta.

Apesar de tudo isso, não diminui a competitividade que Racing e Estudiantes esperam demonstrar em campo neste sábado.

“Vamos tentar estar à altura do que a final significa. Será uma partida muito difícil. Acho que ambas as equipes mereciam ter chegado a esta final”, comenta o zagueiro do Racing Agustín García Basso.

“O futebol argentino é todo sobre resultados, tudo é encarado um jogo de cada vez. É por isso que temos a mentalidade que temos”, avaliou o jogador.

O Racing classificou-se à final após superar o Boca Juniors na semi. Já o Estudiantes venceu o Gimnasia y Esgrima no clássico de La Plata.

“Estamos muito mais fortes como grupo, e vencer o dérbi também nos dá um impulso extra”, diz o zagueiro Leandro González Pírez. “Nosso objetivo era avançar passo a passo e buscar consistência ao longo de todo o torneio”, completou.

O vencedor do Clausura enfrenta o Platense, que venceu o Apertura, no Troféu de Campeões. Quem vencer este torneio disputa outros dois: a Supercopa Argentina (contra o Independiente Rivadavia, que venceu a Copa Argentina) e a Supercopa Internacional (contra o Rosario Central, melhor time da fase de liga do Clausura).

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Estadão

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