‘Reafirmo minha obediência à Arquidiocese’, diz padre Júlio Lancellotti após veto às redes
“Reafirmo minha pertença e obediência à Arquidiocese de São Paulo”, afirmou o padre Júlio Lancelotti ao comentar sobre não poder mais transmitir missas ao vivo e se afastar temporariamente das atividades nas redes sociais.
A mudança ocorre após determinação da Arquidiocese de São Paulo. Procurada, ela disse que não irá se manifestar sobre o assunto.
A missa do último domingo, 14, foi a última a ser transmitida, segundo informado pelo próprio Lancelotti durante a celebração. “Agradeço a todos que ajudaram na transmissão dessa missa desde a pandemia. Hoje é a última vez que a missa está sendo transmitida. Até que haja ordem em contrário, a partir do domingo que vem, a missa será só presencial. Não terá mais transmissão”, anunciou o religioso.
As celebrações eram transmitidas ao vivo pela Rede TVT (TV dos Trabalhadores), mantida por sindicatos, pelo portal ICL e pelo YouTube.
Em nota enviada ao Estadão, o religioso acrescentou que as “redes sociais não estão movimentadas por um período de recolhimento temporário”.
Coordenador da Pastoral do Povo da Rua, o padre seguirá na Paróquia São Miguel Arcanjo, no Belenzinho, zona leste, onde atua há quase 40 anos. Seu foco é pastoral com populações de rua, adolescentes infratores e crianças com HIV.
Quem é o padre Júlio Lancelotti
Júlio Lancelotti é uma figura conhecida nacionalmente pelo trabalho que realiza, há mais de 40 anos, com a população em situação de rua na capital paulista.
Paulistano nascido no bairro do Brás, Lancellotti é também o padre responsável pela Paróquia de São Miguel Arcanjo, da Mooca, desde 1986, onde começou o trabalho pastoral com populações de rua, menores infratores e crianças com HIV.
O padre tem sido alvo frequente de criticas de políticos nas redes sociais pelo trabalho com a população de rua.
Tachado de “padre esquerdista” por políticos de direita, Júlio Lancellotti chegou a ser alvo de ataques nas redes sociais e de ameaça de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara.
Após uma dessa onda de ataques, ele chegou a receber ligação de apoio do papa Francisco, que morreu em abril deste ano. O pontífice recomendou que ele não desanimasse do trabalho para auxílio dos pobres, mesmo diante de todas as dificuldades.
Um dos políticos mais próximos de Lancelotti é Guilherme Boulos, secretário-geral da Presidência no governo Lula.

