Rio-Niterói perde e Assunção é eleita sede do Pan de 2031; Paraguai recebe Jogos pela 1ª vez
A Assembleia da Panam Sports, em Santiago, no Chile, definiu nesta sexta-feira, 10, a candidatura de Assunção, no Paraguai, como sede dos Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos de 2031. A delegação do Comitê Olímpico do Brasil (COB) , com Rio-Niterói, buscou apresentar o legado dos Jogos Olímpicos de 2016 como um dos trunfos, mas não foi capaz de agradar a maioria dos comitês.
Será a primeira vez que o Paraguai recebe os Jogos Pan-Americanos. O Brasil já havia sido sede em 1963 (São Paulo) e 2007 (Rio). Na eleição desta sexta-feira, Assunção recebeu 28 votos, contra 24 da candidatura de Rio-Niterói. Pesou para o lado paraguaio a mudança prometida pelo comitê e o aprendizado após o Pan Júnior, que ocorreu em agosto deste ano.
Os 41 comitês olímpicos das Américas tiveram direito ao voto. Aqueles que já tiveram cidades-sede do Pan tiveram voto dobrado – além do Brasil, EUA, Canadá, México, Cuba, Porto Rico, República Dominicana, Colômbia, Venezuela, Peru, Chile e Argentina. Esta será a 21ª edição do Pan, que se iniciou em 1951.
O lema de Assunção na candidatura foi de “não ser apenas um anfitrião, mas um convite a seguir construindo” a partir do Pan de 2031. A capital paraguaia apostou na promessa de uma logística facilitada, com a maioria das competições se concentrando em um raio de 30 minutos de distância, incluindo as instalações da Secretaria Nacional de Desporte e os equipamentos do centro do Comitê Olímpico Paraguaio (COP).
O resultado não foi animador no Pan Júnior e demonstrou que a cidade tem uma série de falhas a corrigir até 2031. A organização sofreu com problemas diversos, desde má gestão da venda de ingressos à falta de espaço adequado para imprensa e acessibilidade. O transporte oficial do Pan sofreu com atrasos e chegou a ser suspenso em dias de chuva.
Mesmo com os problemas do Pan Júnior em Assunção, o COB temia que questões políticas pudessem influenciar na decisão final da Panam, com uma vitória a favor dos paraguaios. Vale destacar que Assunção chegou a se candidatar para receber o Pan de 2027, após a desistência de Barranquilla, na Colômbia.
Entretanto, foi preterida por Lima, no Peru, dado ao curto tempo de preparação, e às mudanças que seriam necessárias na estrutura de Assunção, para receber o Pan.
CANDIDATURA RIO-NITERÓI
Rio-Niterói teve seu projeto oficializado neste ano. Ao longo dos últimos meses, São Paulo também se mostrou interessada em receber o Pan em 2031. A candidatura brasileira foi a primeira a ser apresentada na manhã desta sexta-feira.
Marco Antônio La Porta, presidente do COB, apresentou a proposta aos comitês olímpicos nacionais durante a Assembleia. A experiência do Rio, que já recebeu o Pan, em 2007, e a Olimpíada, em 2015, foi avaliada como um trunfo do comitê brasileiro, diante do projeto paraguaio para sediar pela primeira vez os Jogos.
“A nossa candidatura tem uma única razão. Valorizar o esporte local. É essencial que os momentos icônicos sejam vistos e celebrados por milhões de pessoas na América e em outras partes do mundo. Isso é o que nos motiva. Jogos de todos e para todos”, afirmou o presidente do COB durante sua apresentação.
Para convencer os comitês olímpicos, o Brasil também contou com uma comitiva formada por dirigentes, políticos e atletas, como Rebeca Andrade, medalhista de ouro em Paris-2024, e Thiago Pereira, maior medalhista Pan-Americano. Entre as lideranças, estiveram presentes os prefeitos de Niterói e Rio em Santiago.
A proposta fluminense previa um orçamento de US$ 667,5 milhões (R$ 3,57 bilhões). Entre os locais incluídos no projeto estão o Parque Aquático Maria Lenk, o Parque Olímpico da Barra e outras arenas já consolidadas. A Vila Pan-Americana, por sua vez, seria construída na região do Porto Maravilha, como parte de um novo pacote de reurbanização da área central.
Rio-Niterói tinha prevista a realização de 39 modalidades. O uso de instalações utilizadas nos Jogos de 2007 e na Olimpíada de 2016 foram vistas como pontos positivos, assim como a experiência em receber grandes eventos e turistas, bem como a atenção que a capital fluminense poderia trazer para a visibilidade dos Jogos. Também foi destacado a disputa em águas abertas na Praia de Copacabana.
“Nossa história mostra que nossos serviços públicos estão a altura de eventos esportivos em diversos setores. Carnaval, shows e líderes mundiais já estiveram no Rio, por exemplo. Nós brasileiros estamos sempre conectados para consumir esportes. Tudo que acontece na cidade, atravessa fronteiras. Isso aconteceu com Lady Gaga, com milhões impactados no mundo. Isso nos impulsiona a ser sede”, destacou o prefeito do Rio Eduardo Paes (PSD).
O Rio recebeu o Pan pela primeira vez em 2007, consolidando um projeto que começou a ser desenvolvido ainda na década de 1990. Além de melhorias no Maracanã e no centro de convenções Riocentro, foram construídos para aquela edição o Estádio Olímpico João Havelange – que mudou de nome em 2017 para ser batizado como Nilton Santos, ídolo do concessionário Botafogo -, o Complexo de Deodoro e o Complexo Esportivo Cidade, ampliado anos depois para receber a Rio-2016 e se tornar o que hoje é o Parque Olímpico.