S&P vê incerteza elevada sobre finanças da França e projeta dívida em 121% do PIB até 2028

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A S&P Global Ratings afirmou que a incerteza sobre as finanças públicas da França permanece elevada, mesmo após a apresentação do projeto de orçamento de 2026 ao Parlamento. Em comunicado que acompanhou o rebaixamento do rating soberano do país, a agência alertou que a consolidação fiscal deve ser mais lenta do que o previsto e que a dívida bruta do governo pode alcançar 121% do PIB em 2028, ante 112% no fim de 2024.

A S&P projeta que a meta de déficit orçamentário de 5,4% do PIB em 2025 deve ser cumprida, sustentada pela disciplina de gastos e por uma arrecadação mais robusta neste ano. Contudo, sem novas medidas significativas de ajuste, a agência avalia que os déficits continuarão elevados nos próximos três anos, devido ao nível ainda alto do déficit primário.

A instituição aponta que a instabilidade política, considerada a mais intensa desde a fundação da Quinta República, tem impedido avanços na consolidação fiscal. Desde 2022, a França enfrenta dois parlamentos fragmentados e a troca de seis primeiros-ministros, o que, segundo a S&P, dificulta a formulação de um plano fiscal crível de médio prazo. A suspensão da reforma da Previdência, aprovada em 2023, foi citada como um exemplo do retrocesso nas políticas de contenção de gastos.

Para a agência, a falta de clareza sobre o ajuste das contas públicas tende a pesar sobre o investimento e o consumo privado, limitando o crescimento econômico. A projeção é de alta de 0,7% do PIB em 2025, seguida por uma recuperação modesta de 1% em 2026, com famílias e empresas poupando mais em meio à perspectiva de aumento de impostos e custos de financiamento.

Ainda assim, a S&P destacou que os fundamentos da economia francesa continuam sólidos, apoiados em uma base produtiva diversificada, elevada poupança privada e setor financeiro líquido, além do suporte institucional derivado da participação na zona do euro.

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Estadão

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