Tarcísio ‘cruzou o Rubicão’ ao falar em ‘tirania’ de Moraes, diz líder do PT na Câmara
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou neste domingo, 7, que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) “cruzou o Rubicão” ao afirmar, durante ato bolsonarista na avenida Paulista, que “ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como o Alexandre de Moraes”. “Cruzar o Rubicão” é uma referência a um rio da Itália e uma expressão idiomática que significa passar por um ponto sem retorno.
“Não é crítica política, mas um ataque frontal ao STF, que pode configurar coação no curso do processo, por tentativa de intimidar o ministro relator no meio do julgamento de Jair Bolsonaro e demais golpistas”, escreveu no X o governista, que já chegou a pedir ao Supremo Tribunal Federal investigação sobre Tarcísio de Freitas sobre a articulação da anistia.
Segundo Lindbergh, Tarcísio não agiu como governador, “mas como advogado de Bolsonaro”. “Quem ataca ministros e defende anistia para conspiradores não luta por liberdade: legitima o crime, sabota a Justiça e abre caminho para novos atentados contra a democracia”, sustentou.
A reação de Lindbergh se dá ante a declaração dada por Tarcísio diante de milhares de apoiadores bolsonaristas. O governador de São Paulo atacou o ministro do STF logo após os manifestantes entoarem o grito de “Fora Moraes”. “Por que vocês (manifestantes) estão gritando isso? Talvez porque ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo no País”, disse.
A declaração de Tarcísio representa uma subida de tom do governador contra o Supremo Tribunal Federal. Apesar de estar ao lado de Jair Bolsonaro em quase todos os assuntos, o governador normalmente evita conflitos com a Suprema Corte. É visto em Brasília como um dos bolsonaristas que tem boa interlocução com ministros do STF.
O ataque veio após Tarcísio iniciar uma ofensiva na capital federal em prol da anistia dos réus pelo que a Procuradoria-Geral da República aponta como uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os acusados nessa trama está o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliados e milhares de pessoas que destruíram as sedes dos Três Poderes clamando por uma intervenção militar em 8 de janeiro de 2023.
Em seu discurso na Avenida Paulista neste domingo, Tarcísio disse que “não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro”, repetindo o mantra que se repete entre os bolsonaristas de que há uma ditadura em curso no Brasil.”Nós não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. É isso que precisamos fazer, é isso que precisamos defender. Chega do abuso, chega. Novos tempos virão. Vamos celebrar de novo com um líder que vai estar solto”, afirmou, referindo-se a Bolsonaro.
“Não vamos mais aceitar que nenhum ditador diga o que a gente tem que fazer. Não há mal que dure para sempre. O bem sempre vence o mal”, completou. Não ficou claro a quem Tarcísio se referia como “ditador”, mas o ataque a Moraes, que aconteceu poucos minutos depois, indica que tenha sido contra o relator do caso de Bolsonaro no STF.