Tarcísio foi mais criticado pela direita do que pela esquerda após reunião na embaixada dos EUA

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Levantamento da AP Exata mostra que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi mais atacado pela própria direita do que pela esquerda após se reunir com o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, em Brasília, na semana passada. Entre as menções negativas feitas por perfis com viés ideológico, 62,1% partiram da direita e do bolsonarismo e 37,9% vieram da esquerda.

O estudo analisou cerca de 86 mil publicações no X e no Instagram, entre os dias 11 e 13 de julho, que mencionavam o governador paulista, com um recorte específico sobre os termos “embaixada”, “Escobar”, “diplomata”, “Trump”, “taxa” e “taxar”.

A análise aponta que a repercussão da reunião foi majoritariamente negativa para Tarcísio nas redes. Das 86 mil postagens com referências ao encontro, 46,2% tinham conteúdo crítico ao governador. No entanto, apesar dos ataques coordenados vindos dos dois espectros políticos, o levantamento indica que Tarcísio manteve um índice relevante de apoio: 37,9% das menções foram favoráveis, enquanto 15,9% foram neutras – sinal de robustez em sua imagem.

No campo bolsonarista, a consultoria identificou que as críticas foram impulsionadas por perfis alinhados às narrativas do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), além de apoiadores do movimento MAGA (Make America Great Again), que usaram hashtags como #TarcisioTraidor e frases como “Tarcísio traiu o agro”.

“A crítica central nesse grupo é a de que o governador estaria se distanciando da pauta bolsonarista, como a anistia, e adotando uma postura independente nas negociações, o que foi interpretado como uma traição ao núcleo ideológico mais duro”, diz a análise.

A militância ligada ao “filho 03” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já tentava rotular Tarcísio como “traidor” antes mesmo da reunião com o encarregado de negócios da embaixada americana, diz o levantamento. “A ideia de traição é, portanto, o argumento central que já estava sendo encaixado por ações de fogo amigo, pelos perfis de interferência, cujo objetivo é buscar mudar a opinião pública.”

As críticas da direita se concentram principalmente na acusação de traição ou na percepção de um posicionamento precipitado por parte de Tarcísio. Ainda assim, a capacidade técnica e o reconhecimento pelo trabalho do governador em São Paulo são preservados – e até elogiados – mesmo em publicações que condenam a sua postura proativa.

Os dados mostram ainda que, quando Tarcísio se foca apenas na ideia de negociação, recebe apoio relevante e cresce entre moderados e centristas.

Já perfis de esquerda e centro-esquerda apostaram na associação de Tarcísio ao trumpismo e à agenda conservadora norte-americana, chamando o governador de “vassalo” – termo usado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad – e destacando os possíveis impactos negativos da tarifa sobre a economia paulista. Como mostrou o Estadão, São Paulo é o Estado que mais perde com a medida.

“A crítica, nesse campo, mira a proximidade com os EUA e o suposto alinhamento automático com a diplomacia americana. Essas questões são vistas pelos esquerdistas como prejudiciais à soberania e aos interesses nacionais”, diz o levantamento.

Entre os perfis favoráveis ao governador, prevaleceram vozes moderadas e de centro-direita, especialmente ligadas ao setor econômico. Esses perfis valorizaram o pragmatismo e a capacidade de negociação de Tarcísio, elogiando a busca por diálogo. As menções neutras, por sua vez, que somam 15,9% do total, vieram principalmente de perfis da imprensa, que apenas repercutiram os fatos.

“Nas narrativas contra Tarcísio de Freitas é nítida a ação de perfis militantes voltados para reduzir o tamanho político do governador. O que fica mais nítido agora é que os perfis não são apenas de esquerda, que focam no alinhamento com os EUA e com Jair Bolsonaro, mas também de direita”, conclui a análise.

O levantamento também analisou dados sobre a proposta de conceder anistia para evitar o tarifaço, constatando que 64,4% são contrários, 19,8% favoráveis e 15,8% neutros.

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Estadão

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