Taubaté acusa Eagle, empresa de John Textor, de fraude e sonegação fiscal
Em meio à turbulência envolvendo John Textor e o controle da Eagle Football, a direção do Taubaté, clube do Vale do Paraíba, em São Paulo, fez uma grave denúncia nesta terça-feira. O clube paulista acusa a SAF Botafogo e a holding internacional comandada pelo americano de simulação de transação fraudulenta e sonegação fiscal na venda do atacante Vitor Sapata para o futebol europeu.
Vitor Sapata tem 22 anos e iniciou sua trajetória nas categorias de base do Taubaté, onde ficou entre 2020 e 2022, quando disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Após empréstimo ao Botafogo, ele teve seus direitos adquiridos parcialmente em 2023. Em 2024, foi anunciado como reforço do RWD Molenbeek, da Bélgica, sem que qualquer repasse financeiro fosse feito ao clube formador.
A polêmica gira exatamente em torno da venda de Sapata ao clube belga também pertencente à Eagle Football. O atacante foi revelado pelo Taubaté e teve 30% de seus direitos econômicos preservados pelo clube na negociação, efetivada em 2023. A compra custou apenas R$ 300 mil à SAF Botafogo, que teria assinado um contrato com o atacante com vínculo até 2026, com multa rescisória estipulada em 70 milhões de dólares – perto de R$ 385 milhões em valores atuais.
Ao ser questionado recentemente sobre o repasse da venda ao clube paulista, a SAF Botafogo informou que a transferência do jogador à Europa “não envolveu valores”, o que, na prática, deixaria o Taubaté sem qualquer compensação.
“Uma venda de um atleta de um grande clube brasileiro para a Europa ‘de graça'”, ironiza o Taubaté em nota oficial. “Compreendemos isso como uma simulação de transação e uma tentativa de prejudicar o clube, além de caracterizar infração à ordem tributária.”
O comunicado ainda alerta que não é o primeiro clube brasileiro a ser lesado por esse tipo de movimentação e promete buscar os valores devidos administrativa e judicialmente, mantendo o entendimento de que ainda detém os 30% dos direitos econômicos de Vitor Sapata.
“As atitudes da SAF Botafogo não atingem apenas os clubes de origem de seus atletas, mas ferem o direito de clubes que integram a própria Eagle Football”, reforça a nota.
Esta acusação surge em um momento delicado para a Eagle Football. A holding criada por John Textor passa por uma ruptura interna, na qual o executivo norte-americano tem sido gradativamente afastado do controle dos clubes da rede, como o Lyon, da França, o Molenbeek, da Bélgica, e o próprio Botafogo.
No caso do Lyon, na França, Textor foi retirado da presidência após um acordo que garantiu a permanência do clube na elite francesa, mesmo em crise financeira. Empresas investidoras como Ares, Michele Kang e Iconic Sports, que ajudaram na estabilidade do clube, hoje detêm 40% das ações da Eagle e exigiram o afastamento do empresário. Ele já foi desligado.
No Brasil, a SAF Botafogo também vive clima de instabilidade, enfrentando ações judiciais, atrasos em compromissos e uma potencial revenda em meio à temporada. A venda ‘gratuita’ de atletas entre clubes da Eagle reforça suspeitas de que há articulações internas para manter jogadores circulando entre mercados europeus, sem prestação de contas a terceiros ou ao fisco.