Taxas curtas têm leve alta e demais rondam ajustes em pregão de baixa liquidez
Em uma pregão morno e de liquidez reduzida devido à proximidade do feriado de Ano Novo, os juros futuros de prazo mais curto negociados na B3 aceleraram o ritmo de alta na segunda etapa da sessão. Enquanto os vencimentos intermediários e longos seguiram em viés de baixa e rondando os ajustes, a taxa para o primeiro mês de 2027 chegou a abrir entre 3 e 5 pontos-base na etapa final dos negócios.
Segundo agentes, é difícil apontar um gatilho específico para a piora, bastante tímida. No entanto, em um dia de poucas operações, qualquer movimento amplifica as oscilações dos DIs, e um possível condutor pode ter sido o déficit primário maior que o esperado pelo mercado em novembro, divulgado na parte da tarde.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro para janeiro de 2027 oscilou de 13,747% no ajuste anterior para 13,785%. O DI para janeiro de 2029 passou de 13,228% no último ajuste para 13,200%. O DI para janeiro de 2031 marcou 13,505%, vindo de 13,537% no ajuste anterior.
“Hoje o dia foi de pouca volatilidade e poucas explicações”, disse um economista de uma grande tesouraria à Broadcast. “Não vi nenhum possível gatilho para essa alta do DI para janeiro de 2027”, reforçou.
A taxa negociada para o período passou a subir mais depois de o Tesouro Nacional publicar, às 14h30, o resultado primário do governo central, que registrou déficit de R$ 20,172 bilhões em novembro. O rombo no mês foi maior que o previsto pela mediana do Projeções Broadcast, de saldo negativo de R$ 13,25 bilhões.
“É difícil cravar algo, porque a liquidez no pregão de hoje foi muito reduzida”, destaca Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez. “Qualquer coisa pode fazer preço. Mas pode ter sido o déficit maior que o esperado”. Para Tavares, porém, o ambiente externo benigno, com fechamento da curva dos Treasuries, e a percepção de alívio inflacionário doméstico reforçada pelo IGP-M ditaram a dinâmica positiva dos DIs observada na maior parte do pregão.
Divulgado mais cedo pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o IGP-M caiu 0,01% em dezembro, após ter registrado alta de 0,27% em novembro. A variação ficou abaixo do piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,04%, enquanto a mediana era de 0,17%. O IGP-M acumulou deflação de 1,05% em 2025, menor taxa desde 2023, quando recuou 3,18%. “Em condições normais, o IGP-M não teria poder de fazer preço, não é algo tão significativo. Mas o dado vir abaixo do esperado é mais um sinal positivo que corrobora a perspectiva desinflacionária e a eficácia da política monetária”, diz o economista.
Ainda no campo dos indicadores, o boletim Focus mostrou ligeira queda nas projeções para a alta do IPCA em 2025 e 2026, enquanto as estimativas para 2027 e 2028, horizontes que mais importam para a política monetária, ficaram inalteradas. O consenso do mercado para o aumento do indicador este ano passou de 4,33% para 4,32%, e de 4,06% para 4,05% no próximo. As expectativas para 2027 e 2028 continuaram em 3,8% e 3,5%, respectivamente. O centro da meta perseguido pelo Banco Central é de 3%. Para a Selic, a mediana do mercado permaneceu em 12,25% para o fim de 2026, em 10,5% para 2027, e em 9,75% para o final de 2028.
A equipe econômica da BuysideBrazil observa que, desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 10 de dezembro, as expectativas dos analistas para o IPCA em 2025 e 2026 diminuíram 8 pontos-base e 11 pontos-base, pela ordem. Já a mediana do Focus para 2027 e 2028 também não teve alteração nessa comparação, assim como a janela móvel de 13 a 24 meses à frente.
Na abertura, levantamento do instituto Paraná Pesquisas mostrou que a desaprovação do governo Lula atingiu 50,9%, ante 45,6% de aprovação, o que representa estabilidade em relação à edição anterior da enquete. No embate eleitoral, Lula tem vantagem em todos os cenários no primeiro turno, mas aparece em empate técnico com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro nos cenários de segundo turno.

