Taxas de juros têm recuo tímido, de olho na tensão entre EUA e China e falas de Powell

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Os juros futuros negociados na B3 sustentaram baixa comedida no pregão desta terça-feira, 14, após terem operado em leve ascensão até o início da tarde. O sinal foi invertido por volta das 13h20, na esteira de declarações do representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, que renovaram expectativas sobre um acordo do país com a China. Em seguida, fala do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que destacou fraqueza do mercado de trabalho foi interpretada como indicativo de mais cortes de juros à frente, fornecendo alívio adicional ao real e também à curva a termo local.

Mais perto do final do pregão, no entanto, o presidente Donald Trump fez novas ameaças ao país asiático. Em publicação na Truth Social, Trump afirmou que a China, ao não comprar “intencionalmente” a soja americana e causar dificuldades aos produtores locais, comete um ato de “hostilidade econômica” contra os EUA, o que colocou o dólar em alta novamente e limitou a queda dos DIs.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 oscilou de 14,005% no ajuste anterior a 14,993%. O DI para janeiro de 2028 cedeu de 13,412% no ajuste a 13,385%. O DI para janeiro de 2029 marcou 13,360%, vindo de 13,391% no ajuste da véspera. O DI para janeiro de 2031 caiu de 13,665% no ajuste a 13,645%.

Gerente da Tesouraria do Banco Daycoval, Otávio Oliveira afirma que o movimento de hoje nos DIs representa uma correção após o estresse da última sexta-feira, embalada por visão mais otimista do mercado sobre a resolução do impasse entre EUA e China. “Existe expectativa de que se encontre um meio termo entre os dois países”, diz Oliveira, para quem a perspectiva de alívio nas tensões comerciais entre as duas economias foi o principal vetor baixista sobre os juros futuros nesta terça-feira.

Também contribuiu com a dinâmica da curva local, segundo o gerente, falas de Powell que endossaram perspectivas de flexibilização adicional da política monetária nos EUA, a despeito da continuidade da paralisação do governo americano, que impede a publicação de estatísticas oficiais. “Powell não disse nada de diferente do que o mercado espera, mas corroborou esse norte para um novo corte de juros”.

Durante discurso em evento no início da tarde, o comandante do Fed reforçou que a condução da política monetária no país exige cautela, mas avaliou que os riscos negativos para o mercado de trabalho ficaram maiores. Em sua visão, o emprego nos EUA está “menos dinâmico e um pouco mais fraco”, e o ritmo de contratações e demissões permanece baixo. Embora a taxa de desocupação tenha ficado em nível reduzido até agosto, os ganhos no emprego “desaceleraram fortemente”, disse o dirigente.

Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, Powell destacou que o avanço recente dos preços de bens parece estar mais relacionado aos efeitos das tarifas do que a pressões inflacionárias generalizadas, sinalizando que não há preocupação imediata com um novo surto de inflação. “Sem catalisadores relevantes no cenário doméstico, o mercado brasileiro acompanhou o tom mais brando de Powell e o recuo do DXY no exterior, movimento que resultou no fechamento da curva de juros local”, aponta Shahini.

No âmbito doméstico, divulgada hoje pelo IBGE, a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) mostrou que o volume prestado pelo setor subiu 0,1% entre julho e agosto, feitos os ajustes sazonais. O dado ficou praticamente em linha com a mediana apontada pelo Projeções Broadcast, que previa estabilidade no período e, para economistas, trouxe sinais mistos, com atividade ainda resistente no segmento, mas indícios iniciais de desaceleração. Sem grandes surpresas em relação ao previsto, o número pouco afetou a dinâmica da curva a termo na sessão.

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Estadão

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