Taxas de juros têm sessão de volatilidade com Treasuries e fiscal no radar

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Os juros futuros abandonaram o sinal de queda e passaram a subir no meio da tarde desta quinta, 15, pressionados pela piora na percepção de risco fiscal, mas acabaram fechando perto da estabilidade. Informações apontando que o governo prepara medidas para impulsionar sua popularidade levaram as taxas a abandonar momentaneamente o alinhamento visto desde manhã ao fechamento da curva dos Treasuries. O Ministério da Fazenda negou tais iniciativas e o avanço perdeu fôlego, mas as taxas não conseguiram retomar o sinal de baixa. Além dos Treasuries, outro vetor de alívio nos prêmios mais cedo foi o leilão de prefixados do Tesouro com lote e risco para o mercado menores.

A piora à tarde foi mais pronunciada nos vencimentos longos, que são mais vulneráveis ao cenário fiscal, mas no fim do dia os yields dos Treasuries bateram mínimas, apagando o avanço das taxas. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,795%, de 14,812% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027, em 14,14%, de 14,13%. A do DI para janeiro de 2029 passou de 13,65% para 13,67%.

Segundo informação apurada pelo Broadcast Político, o Planalto analisa medidas para alavancar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abalada pela descoberta das fraudes no INSS. Entre as propostas, estão o novo Vale Gás, linha de crédito a entregadores por aplicativo e um programa no Ministério da Saúde para uso de estrutura de hospitais particulares para cirurgias do SUS.

Pela manhã, já circulava nas mesas publicação do colunista da Revista Veja Thomas Traumann, segundo a qual o governo estuda reajustar o Bolsa Família de R$ 600 para R$ 700 a partir de janeiro, o que, de acordo com economistas, teria impacto fiscal entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões por ano. Ao Broadcast, o ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e fontes de diferentes alas do governo negaram tal intenção.

Do mesmo modo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rechaçou a existência de “pacote” e reforçou repetidas vezes que não há discussão para abrir espaço fiscal para novos gastos. “Não tem estudo, não tem demanda, não tem pedido, não tem nada”, declarou.

As negativas do governo conseguiram no máximo reduzir o ritmo de alta das taxas, sem força para reconduzi-las à trajetória descendente.

Segundo players de mercado, a notícia do Bolsa Família só não fez preço pela manhã em função do forte recuo dos yields dos Treasuries, por sua vez atribuído à deflação acima da esperada do índice de preços ao produtor (PPI, em inglês) de abril e a dados abaixo do esperado de atividade nos EUA, como as vendas do varejo. O estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, explica que o PPI tem elementos que antecipam o índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês), medida preferida de inflação do Federal Reserve.

“A taxa da T-Note de dez anos foi a um pico de 4,5% que parece muito salgado”, disse Mathias, sobre a escalada de ontem. Para ele, a inflação nos EUA deve avançar nos próximos meses até alcançar 4%, mas acabará provocando desaceleração da atividade. Mesmo com os acordos que têm sido fechados nos últimos dias, a perspectiva para a economia é negativa. O juro da T-Note de dez anos passou o dia em queda e chegava ao fim da tarde em 4,44%.

O destaque da agenda doméstica foi a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de março, com as vendas do varejo restrito (+0,8%) e ampliado (+1,9%) na margem vindo abaixo das medianas das estimativas, de +1,0% e +2,1%.

Além dos Treasuries, outro fator a ancorar as taxas na primeira etapa foi a oferta menor de prefixados do Tesouro no leilão. Logo após a divulgação do edital, os DIs tocaram as mínimas do dia. Contudo, os lotes – 6 milhões de LTN e 600 mil NTN-F – não foram vendidos integralmente. O Tesouro colocou 4,86 milhões de LTN e apenas 310 mil NTN-F.

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Estadão

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