Taxas futuras andam de lado nesta quinta, mesmo com serviços acima do esperado
A curva a termo andou de lado na segunda etapa do pregão desta quinta-feira, 14. Mesmo com vetor de pressão do exterior – onde os rendimentos dos Treasuries subiam firmemente após números mais fortes da inflação ao produtor -, e o setor de serviços ainda mostrando alguma resiliência por aqui, os vencimentos intermediários e longos percorreram a tarde em viés de queda, enquanto os vértices curtos ficaram praticamente estáveis.
Apesar da alta um pouco maior do que o previsto dos serviços em junho, conforme divulgado nesta manhã pelo IBGE, ao analisar o quadro geral de atividade e inflação, a percepção é que a política monetária restritiva está surtindo efeito sobre os preços e dados econômicos. Assim, a possibilidade de que o Comitê de Política Monetária (Copom) corte os juros em dezembro segue na mesa. Segundo Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG, a curva precifica 40% de chance de redução na última reunião de 2025 do colegiado. A maioria das apostas (80%) ainda está concentrada em janeiro de 2026.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) que vence em janeiro de 2026 oscilou de 14,885% no ajuste de ontem para 14,89%. O DI de janeiro de 2027 passou de 13,928% no ajuste da véspera a 13,945%. O DI de janeiro de 2029 cedeu de 13,151% no ajuste antecedente a 13,14%, e o DI de janeiro de 2031 marcou 13,41%, de 13,427% no ajuste de quarta.
Publicada hoje, a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) apontou que o setor cresceu 0,3% ante maio, feitos os ajustes sazonais. A mediana coletada pelo Projeções Broadcast indicava variação nula no período. O desempenho veio na contramão de dados anteriores que sinalizaram enfraquecimento da atividade, e pressionou levemente os DIS na parte da manhã, assim como leilão expressivo de títulos prefixados do Tesouro, mas a reação da curva foi modesta. Por volta das 16h30, os vértices intermediários e longos chegaram a tocar mínimas intradia, mas ainda rondando os ajustes da véspera.
“Mesmo que tenhamos visto algum fôlego nos serviços, em uma análise consolidada, os dados em geral mostram uma atividade econômica fraca”, avalia Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos, referindo-se a outros indicadores conhecidos ao longo da semana. O IPCA de julho ficou abaixo do piso das estimativas do Projeções Broadcast, de 0,28%, ao subir 0,26% no mês. Já a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de junho trouxe performance aquém do previsto pelo mercado, tanto no conceito ampliado, que inclui automóveis e material de construção, quanto no restrito.
“OS DIs seguiram a tendência da semana. A ponta curta precificava a Selic em 15% até março de 2026, e os indicadores de atividade mais fracos provocaram um ajuste nessa parte da curva. Tinha prêmio embutido para ser queimado”, diz Sueishi. “O comportamento mais benigno dos juros futuros tem a ver com o aumento da probabilidade de corte de juros já este ano. Ganha força a narrativa de que o Banco Central pode começar a aliviar o discurso em suas próximas comunicações”.
Para Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, mesmo os dados de serviços foram mistos, uma vez que o ramo de serviços prestados às famílias recuou no mês. E, considerando a performance de outros segmentos, como indústria, construção civil e comércio, há indícios de perda de ímpeto decorrentes da política monetária. Assim, a gestora mantém a expectativa de que a Selic vai diminuir 0,5 ponto em dezembro deste ano, a 14,50% ao ano.