Taxas seguem exterior e encerram sessão de quinta em alta

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A curva a termo percorreu a segunda etapa do pregão desta quinta-feira, 24, com abertura em quase todos os vértices, à exceção dos curtos, influenciada pelo aumento global dos juros. O movimento local, no entanto, foi considerado comportado, diante da ausência de sinais concretos de avanço nas negociações com os EUA, a cerca de uma semana da tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros entrar em vigor.

Encerrados os negócios, a taxa de contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) que vence em janeiro de 2026 oscilou de 14,942% no ajuste de ontem para 14,930%. O DI de janeiro de 2027 passou de 14,218% no ajuste da véspera para 14,200%. O DI de janeiro de 2028 marcou 13,550%, vindo de 13,54% no ajuste antecedente, e o DI de janeiro de 2029 subiu de 13,471% no ajuste anterior para 13,510%.

Na ponta mais longa da curva, o DI de janeiro de 2031 avançou de 13,72% no ajuste de quarta para 13,770%. O DI do primeiro mês de 2033 ficou em 13,900%, de 13,824% no ajuste.

Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, a alta das taxas futuras no Brasil seguiu a tendência global, após leilão de títulos de 40 anos do Japão que teve demanda fraca na madrugada de terça-feira para quarta, em um resultado “bem ruim”. “Historicamente há uma correlação entre os juros globais e do Japão”, diz Borsoi.

Já hoje, os rendimentos dos Treasuries subiram, na esteira de dados que sinalizaram atividade ainda forte nos EUA. Os pedidos de auxílio-desemprego caíram para 217 mil na semana passada, ante expectativa de 227 mil dos analistas consultados pela FactSet. Já o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços americano subiu de 52,9 para 55,2 entre junho e julho, nível mais alto em sete meses.

Na visão do economista, o conjunto de indicadores frustra a percepção de que a maior economia do mundo vai desacelerar e o Federal Reserve (Fed) terá que reduzir os juros por causa da fraqueza da atividade. A decisão de política monetária do BC americano será na próxima quarta, mesmo dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para definir a taxa Selic.

Por aqui, há outras questões que moderaram o fôlego dos juros na sessão de hoje, observa o economista-chefe da Nova Futura: a percepção dos agentes de que, no curto prazo, o tarifaço americano teria impacto desinflacionário sobre os preços; os dados de arrecadação positivos de junho – que não mudam o quadro estrutural das contas públicas, mas vieram favoráveis -; e, por fim, a indicação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não será preso. “Obviamente isso está em banho-maria, mas tira um pouco a pressão de curto prazo dos ruídos políticos”.

Elencados os vetores de ajuda, Borsoi afirma estar surpreso com a alta moderada dos juros, que poderia ser muito pior, em sua avaliação. “O cenário geopolítico que está se desenhando é bem negativo para a gente. Em tese as tarifas de Trump começam a vigorar na próxima semana. A falta de comunicação entre Brasil e EUA sinaliza que eles EUA não querem acordo, e o governo está conversando com os EUA em nível técnico com o secretário do Tesouro. Isso não resolve nada.”

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Estadão

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